A reforma do Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, que teve início em 2019, está em fase final e tem uma proposta inovadora. O clube espanhol quer transformar o estádio em uma arena multiuso simultânea, para promover não só jogos de futebol do atual vencedor da Liga dos Campeões, mas também eventos de outros esportes, como futebol americano, vôlei e tênis, além de shows.
O gramado utilizado nas partidas do Real Madrid será dividido em placas. Assim, quando a arena estiver reservada para outros tipos de eventos, estes módulos de grama serão guardados no subterrâneo do local. Não haveria, portanto, qualquer tipo de dano e com muita simplicidade, como num quebra-cabeças, poderá ser facilmente remontado. O terreno vazio deixado pela grama poderá dar lugar a diferentes tipos de superfícies, como os pisos de madeira de jogos de basquete até mesmo solos mais simples para aguentar multidões para shows de música.
O novo Santiago Bernabéu abre um leque de opções para gerar novas receitas. Na opinião de Armênio Neto, especialista em negócios no esporte, este formato de estádio deve se consolidar no futebol, uma vez que os clubes já perceberam o tamanho da rentabilidade.
— Ouvimos o termo arena multiuso desde antes da Copa de 2014. Hoje, é nítido que a utilização das arenas em datas além dos jogos de futebol está aumentando, mas é nos projetos mais modernos que percebemos as grandes inovações e soluções que permitem mais variações no uso desses espaços — analisou.
O especialista também reforça a necessidade dos maiores times do mundo em gerar cada vez mais fontes de receita e que o estádio é um espaço propício para isso.
— As partidas de futebol preenchem de 10% a 15% dos 365 dias do ano e só com novos e múltiplos eventos é possível gerar mais lucro, até porque os custos estão ali, batendo na porta diariamente.
Com capacidade para mais de 80 mil lugares, o estádio do Real tem conclusão prevista para junho de 2023. O orçamento inicial da reforma foi estimado em 575 milhões de euros (cerca de R$ 2,9 bilhões, pelo câmbio atual), para serem pagos nos próximos 25 anos.
Pedro Melo, executivo comercial do Atlético-MG, que também está finalizando a construção de seu estádio, a Arena MRV, entende que, apesar dos valores para a implementação de tais projetos serem elevados, o retorno do investimento certamente compensa no médio e longo prazo.
— No caso específico do Real Madrid, por ser um time global, e estar em um país europeu, esse espaço se torna ainda mais relevante, tendo em vista o número de turistas que visitam a cidade e que, a partir de um espaço atrativo e moderno, poderão interagir comercialmente com a instituição. As arenas apresentam novas possibilidades de arrecadação. As vendas de camarotes, eventos, shows e demais ativos são um novo dinheiro que entra no caixa, reforçando o clube em um todo — afirmou Melo.