A primeira roupa que Gael Tieze ganhou dos pais, ainda antes de nascer, tem escrito no peito: “Sou Dense igual ao papai”. O body de bebê foi comprado pela mãe, Kamila, para surpreender o pai, Adriano, ainda antes de ele saber que o herdeiro estava por vir. Ao chegar em casa, Adriano abriu uma caixinha onde estava o teste positivo de gravidez da esposa, uma camisa do Lajeadense e uma chuteira azul celeste, cor do clube. Emoção em dose dupla.
Com o destino traçado a torcer pelo time de sua cidade, Gael nasceu em fevereiro. A Divisão de Acesso começou meses depois e, mesmo com pouquíssimo tempo de vida, já foi levado pelos pais para as arquibancadas da Arena Alviazul.
— Ele é o sócio mais novo da história do clube, tinha 15 dias quando associamos. E é o nosso amuleto. Já foi em quatro partidas, vencemos três e empatamos uma. Está invicto — comemorou Adriano.
Quando a reportagem esteve em Lajeado para acompanhar a família, Gael tinha recém completado três meses. Embora a Barra do Dense, torcida organizada, faça bastante barulho no estádio, o bebê não se incomodou e, entre uma soneca e outra, acompanhou a goleada por 4 a 1 sobre o Santa Cruz.
— Ele já está acostumado com o barulho. Na barriga a gente ia lá para o alento, no meio da torcida — disse o pai.
O futebol do interior aflora a cultura de pertencimento e identidade. Dada a dimensão dos clubes, o torcedor é mais próximo de jogadores, familiares e dirigentes. Além disso, percebe que sua colaboração financeira é realmente necessária.
— Tem um lado humano muito mais forte. As pessoas se conhecem, todos nós somos importantes, desde o sócio ou um simples torcedor. Não tem aquele glamour, mas é tão especial quanto — opina Adriano
Se Gael é o sócio mais jovem do Lajeadense, a semeadura do Vale do Taquari também gerou no quadro de funcionários do Lajeadense o gerente executivo de futebol mais novo do país: Luca Lenz, 19 anos.
É ele quem contrata e cuida da papelada para regularização dos jogadores. Além disso, também administra outras aéreas do clube.
— Sou da cidade, joguei futebol e sempre estive conectado com o clube. Logo que eu saí da escola, nunca cogitei trabalhar fora do futebol. Então, liguei para o presidente, entrei em contato com a diretoria e nós vimos a possibilidade de um trabalho — explicou Lenz.
Estudante de Administração de Empresas e Educação Física na Univates, subir com o Lajeadense é o maior dos seus sonhos.