Construído na década de 1960, o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio é um dos pontos mais famosos de Farroupilha, na Serra. Possui uma das romarias mais tradicionais do país, envolvendo aproximadamente 300 mil devotos na semana de 26 de maio. No lugar de paz também cabe a vibração do futebol. É por lá que muitas figuras do meio passam para pedir e agradecer, como Luiz Felipe Scolari, Tite e jogadores dos times da região. E lá até o padre veste camisa de futebol: a da Sociedade Esportiva e Recreativa Brasil, o Brasil de Farroupilha.
Quem sai do centro de Farroupilha em direção ao santuário passará próximo ao Estádio das Castanheiras, casa do Brasil. A razão do nome é óbvia: o lugar é cercado da alta árvore chamada castanheira. No entanto, o inverno rígido do interior gaúcho nem sempre permite que o clube rubro-verde treine por lá. Para solucionar esta questão, o time conta com Portil Francischetti, o Seu Portil, motorista do ônibus.
Ele não soube precisar há quanto tempo trabalha no clube, mas garante que o ônibus que dirige é o mesmo o início. Sua rotina é quase sempre a mesma. Acorda às 7h, vai na mata, pega pinhão e leva ao vestiário para presentear os jogadores. Na hora do treinamento, conduz o elenco para os campos de parceiros da região onde o Brasil treina.
— Sempre fui esportista, eu gosto do mundo do futebol. Adoro trabalhar aqui e assisto tudo, do início ao fim dos treinos — comentou Seu Portil.
O senhor é muito querido pelos jogadores, que brincam lhe chamando de Raul Gil. Quem mais lhe dá trabalho é o ônibus, que às vezes enfrenta dificuldade nas marchas.
— A primeira entra quando quer, mas aí a gente dá um jeito e segue o baile — brincou.
A campanha do Brasil-Fa na Divisão de Acesso foi aquém do esperado. O time brigou contra o rebaixamento até a última rodada e livrou-se com um empate em 0 a 0 no clássico com o Esportivo, da vizinha Bento Gonçalves.