Cercada por morros na região central do Estado, Santa Maria é denominada como o município no Coração do Rio Grande Sul em razão de sua localização geográfica. No futebol, o peito do cidadão santa-mariense bate forte por dois clubes. O Esporte Clube Internacional, o Inter-SM, é o mais tradicional. O outro é o Riograndense.
Cedo, muito cedo, horas antes de a bola rolar para a partida contra o Avenida, pela nona rodada da Divisão de Acesso, o torcedor Antônio Carlos dos Santos, o Toninho, já estava em frente ao Estádio Presidente Vargas. Camisa vermelha, calça vermelha, tênis vermelho e até a barba vermelha. Em dia de jogo do Alvirrubro é sempre assim.
— Acordei, tomei um café e vim pra cá. Desde os 8 anos que eu venho aqui, agora tenho 62. Não falho um jogo. Pode estar caindo raio, chovendo, sol ou calor — afirmou.
O torcedor é conhecido por todos na Baixada Melancólica, apelido do estádio. Baixada por estar localizada em uma região de depressão geográfica da cidade. Melancólica por ser próximo ao cemitério. Por ali Toninho fica concentrado paro jogo e pensando na vitória.
— Vamos lá, gurizada. Vamos subir esse ano — gritou, percebendo a movimentação dos demais torcedores.
— Ele tem acesso livre. Almoça ali no refeitório e entra no estádio, como se fosse um funcionário do clube. Eu estou aqui há sete anos e sempre foi assim – explicou Paulo Ricardo Santos, supervisor do clube.
Embora a inspiração do nome, escudo e cores seja do Inter da Capital, o alvirrubro de Santa Maria é uma resistência no Interior e mobiliza a torcida em seus jogos, como o menino Pedro Cezimbra, 10 anos. Seu pai, Alberson, e o avô, Dejanir, escudeiros de arquibancada, já assistiram o time algumas vezes na Série A. O atrativo do garoto, porém, é estar muito próximo dos protagonistas do espetáculo.
—Na televisão tu olha, mas daí é muita distância. Aqui é mais fácil de olhar, fica pertinho dos jogadores — comentou Pedro.
No fim das contas, o Inter-SM ficou pelo caminho na primeira fase e irá para o 11º ano na segunda divisão. Seja para Toninho, o garoto Pedro ou os torcedores que acompanham os jogos nos prédios da Avenida Liberdade, a luta continua.