O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, lamentou nesta sexta (8) a morte do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. O político foi assassinado a tiros enquanto fazia um discurso político em ano eleitoral na cidade de Nara, no oeste do Japão.
Bach exaltou a participação de Abe na execução dos Jogos Olímpicos de Tóquio, disputados no ano passado.
— Sem o primeiro-ministro Shinzo Abe, esta Olimpíada não teria acontecido e o sonho de atletas de todo o mundo não teria se tornado realidade — afirmou o dirigente do COI.
Ele também lembrou que partiu de Abe a decisão de adiar a Olimpíada, de 2020 para 2021, em razão da pandemia de covid-19.
— Somente sua visão, determinação e confiabilidade nos permitiram tomar a decisão sem precedentes de adiar os Jogos Olímpicos. Ele também queria estar conosco na Olimpíada de Paris-2024 para mostrar seu comprometimento com o movimento olímpico e a parceria e amizade de confiança que se desenvolveram ao longo do tempo — afirmou o dirigente alemão.
Bach afirmou que o movimento olímpico perdeu um "amigo querido".
— O Japão perdeu um grande homem de estado e o COI perdeu um valioso apoiador e um querido amigo. Em nome do COI, gostaria de estender minhas sinceras condolências a sua família, amigos e ao povo japonês — declarou.
Shinzo Abe se tornou conhecido no movimento olímpico e no Brasil ao participar da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Incorporando Mario Bros, ele estava "atrasado" para o evento e viajou por um túnel verde até chegar à cidade carioca.
A "atuação" do então líder japonês como o personagem icônico dos games ganhou muitos aplausos do público no Maracanã. Ele esteve presente para representar a edição seguinte dos Jogos Olímpicos, em Tóquio.
Abe, de 67 anos, foi baleado enquanto discursava antes das eleições parlamentares. Ele ainda foi transportado de avião para um hospital após sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas não resistiu.
O suspeito foi identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos. Ele foi preso por tentativa de homicídio e uma arma de fogo foi confiscada. A rede de TV NHK informou que o suspeito serviu na Força de Autodefesa Marítima - A Marinha Japonesa - por três anos na década de 2000.
O ataque a Abe foi transmitido ao vivo na TV. Abe discursava do lado de fora de uma estação de trem principal em Nara. De pé, vestido com um terno azul marinho, ele levantava o punho, quando um tiro é ouvido.
Conforme o jornal The New York Times, a Agência Japonesa de Gerenciamento de Incêndios e Desastres confirmou que o ex-primeiro-ministro sofreu um ferimento de bala no pescoço e no peito. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.
Líderes mundiais tem lamentado ao longo do dia a morte de Shinzo Abe. O atentado foi um choque em uma das cidades mais seguras do mundo, localizada em um dos países com algumas das mais rígidas leis de controle de armas. A Casa Branca enviou condolências à família do ex-premiê e disse estar acompanhando os desdobramentos do caso.
No Twitter, o presidente da França, Emannuel Macron, enviou condolências para a família de Abe e afirmou que os franceses "apoiava o povo japonês". Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico que ontem anunciou sua renúncia, escreveu que a notícia do ataque o deixou "chocado e triste".
Conhecido por sua política de grandes estímulos fiscais, ele liderou o governo do país asiático em duas ocasiões. Primeiro, de 2006 a 2007, quando renunciou após pouco mais de um ano de mandato por pressão popular, falta de apoio no Parlamento e questões de saúde. Depois, de 2012 a 2020, quando a saúde o levou a novamente abandonar o posto.