A Ucrânia deu o primeiro passo por uma vaga na Copa do Mundo do Qatar. A seleção ucraniana derrotou a Escócia por 3 a 1, nesta quarta-feira (1), em Glasgow, e avançou para a última etapa. Para chegar ao Mundial, os ucranianos precisarão vencer o País de Gales.
A partida foi marcada por diversas homenagens e protestos em razão da guerra promovida pela Rússia, que invadiu o país há mais de três meses. Antes da bola rolar, os ucranianos receberam um apoio de peso: do Rei Pelé.
Em carta aberta, Pelé demonstrou solidariedade ao povo ucraniano e mandou um recado para o presidente russo Vladimir Putin. O Rei do futebol endossou o pedido de paz.
— Daqui a alguns minutos, a Ucrânia joga sua primeira partida oficial desde o início do conflito. Eu escrevi esta carta pessoalmente. Espero que a violência acabe e que possamos juntos construir um mundo melhor — escreveu Pelé.
Confira a carta:
"Hoje a Ucrânia tenta esquecer, ao menos por 90 minutos, a tragédia que ainda acontece em seu país. Competir por uma vaga na Copa do Mundo já é uma tarefa difícil. E se torna quase impossível com tantas vidas em jogo.
Eu quero utilizar a partida de hoje como uma oportunidade de fazer um pedido: pare com essa invasão. Não existem argumentos que justifiquem a violência.
Este conflito, assim como todos outros, é perverso, injustificável e não traz nada além de dor, medo, terror e angústia. Não há razão para que ele perdure ainda mais tempo.
Quando nos conhecemos no passado e trocamos um grande sorriso acompanhado de um longo aperto de mão, era inimaginável que um dia poderíamos estar tão divididos quanto estamos hoje.
A guerra só existe para separar nações, e não há ideologia que justifique os mísseis que agora enterram sonhos de crianças, separam famílias e matam inocentes.
Eu já vivi oito décadas, nas quais testemunhei guerras e vi líderes bradando ódio em nome de segurança do próprio povo. Não podemos regredir a esses tempos.
Devemos evoluir.
Anos atrás, eu prometi para mim mesmo que, enquanto eu conseguir, sempre levantarei minha voz a favor da paz. O poder de dar um fim a este conflito está nas suas mãos. As mesmas que apertei em Moscou, no nosso último encontro em 2017."