A ideia de clubes com donos está em alta no Brasil. Com a aprovação da Lei 14.193, a "Lei do Clube-Empresa", ano passado, as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) brotam de norte ao sul do país. Clubes tradicionais, como Cruzeiro e Botafogo, já vivem esta realidade. E outros, como Vasco, Athletico-PR e América-MG, têm estudos avançados sobre o tema.
No Rio Grande do Sul, nenhum clube aderiu até o momento o modelo de SAF. Inter e Grêmio, os dois gigantes da Capital, têm planos para evoluir neste assunto, mas até o momento, as análises sobre o tema ainda não evoluíram internamente.
No Tricolor, foi criada uma comissão especial no Conselho Deliberativo (CD) para analisar o funcionamento dos clubes-empresas. Foram nomeados seis conselheiros para estudar as legislações das SAFs e apresentar um relatório com a missão de estabelecer um nivelamento no conhecimento sobre o tema no CD do clube.
Conforme o conselheiro Marcio Floriano, presidente desta comissão, o tema está em estudo e nada foi apresentado ao CD e tampouco ao Conselho de Administração. Não há um prazo para a conclusão deste relatório.
Já do lado colorado, o presidente Alessandro Barcellos falou, em abril, ao canal Vozes do Gigante, que o Conselho de Gestão do clube faria um seminário com os conselhos fiscal e deliberativo para tratar deste tema. O objetivo, conforme Barcellos, seria "dar aos conselheiros elementos para essa tomada que decisão, que pode ser lá na frente".
— Precisamos dar a eles elementos, porque é um assunto novo. Vamos analisar, inclusive, modelos que não deram certo. É obrigação trazer esse debate, pois é uma tendência que vem crescendo. Isso vai bater na nossa porta e precisamos estar preparados para responder se não queremos esse modelo ou se, e qual, será o modelo a ser seguido — disse Barcellos.
O clube salienta que, hoje, o tema está em avaliação preliminar. Ainda não foram feitos estudos específicos, mas há a intenção de conhecer melhor o modelo de negócio. Por isso, a intenção é de que, no segundo semestre deste ano, o Conselho de Gestão do Inter consiga se aprofundar no assunto, propondo um diagnóstico junto ao Conselho Deliberativo.
Ou seja, ainda há um longo caminho para a dupla Gre-Nal no que diz respeito ao assunto de clubes-empresa. Por ora, não há perspectiva de que nenhum dos dois se torne uma SAF. O que existe de concreto é um interesse em discutir e aprofundar o tema para que, no futuro, possa ser debatido com mais propriedade pelos integrantes dos Conselhos Deliberativos.