A Fifa abriu, nesta segunda-feira (6), procedimento disciplinar para investigar a suspensão do jogo entre a Seleção Brasileira e a Argentina, no domingo, pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2022. A CBF já foi notificada e tem seis dias para apresentar sua defesa. A informação foi divulgada inicialmente pelo Uol e confirmada pelo Estadão.
O Comitê Disciplinar vai apurar as causas da suspensão da partida, interrompida aos cinco minutos do primeiro tempo, quando agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com apoio da Polícia Federal, entraram no gramado da Arena Corinthians, em São Paulo.
O comitê vai enquadrar a situação no artigo 14 do seu Código Disciplinar, que trata de jogos abandonados ou que não foram concluídos. O item prevê como punição mínima uma multa de 10 mil francos suíços, equivalente a R$ 56 mil. E pode definir que a partida será retomada ou dada como derrota para um dos lados.
Posição da CBF
A estratégia da CBF, desenhada desde a noite de domingo, é se isentar de qualquer responsabilidade quanto à decisão da Anvisa de entrar no gramado e reforçar que contribuiu com as autoridades locais para informar a Associação de Futebol Argentino (AFA) sobre as regras sanitárias nacionais durante a pandemia de covid-19.
Para tanto, a CBF já emitiu duas notas oficiais sobre o tema, uma delas, mais contundente, nesta segunda. Nela, a entidade revelou ter enviado três avisos aos argentinos sobre as regras sanitárias nos dias 5 de julho, 11 de agosto e 2 de setembro. Ao mesmo tempo, a CBF confirmou que estava presente na reunião que a Anvisa teve com representantes argentinos e da Conmebol, no sábado, véspera do jogo.
No encontro, a agência apontou o descumprimento das regras por parte dos argentinos e determinou a quarentena dos jogadores Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero. O quarteto entrou de forma irregular no Brasil porque não teriam informado que estiveram no Reino Unido nos 14 dias anteriores.
De acordo com a portaria interministerial nº 655, de junho de 2021, viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, por Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia estão obrigados a cumprir quarentena para evitar a disseminação de novas variantes do coronavírus no Brasil.
A CBF revelou até detalhes sobre a reunião que podem prejudicar a Argentina na investigação do caso pela Fifa. De acordo com a Confederação Brasileira, os argentinos descumpriram as orientações da Anvisa durante o próprio encontro, em que as autoridades brasileiras explicavam que os quatro jogadores deveriam estar em quarentena, após entrarem de forma irregular no País.
"Após a reunião, quando solicitada a presença dos atletas, os agentes da Vigilância de Saúde foram informados que os jogadores haviam saído para o treinamento, descumprindo orientação passada durante a reunião. O órgão informou o descumprimento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária e ao Ministério da Saúde, responsáveis pela análise do pedido de excepcionalidade encaminhado pela Conmebol em nome da AFA", informou a CBF.
Ao mesmo tempo, a entidade deve insistir que a Seleção Brasileira não deixou o gramado do estádio corintiano após intervenção da Anvisa, demonstrando que poderia seguir com o jogo, enquanto os argentinos não voltaram mais do vestiário. E foi embora do estádio sem retornar ao gramado.
Os argentinos, por sua vez, alegam que a culpa pela suspensão da partida é das autoridades brasileiras, o que, na sua avaliação, deve gerar punição à seleção brasileira com a perda de três pontos na tabela das Eliminatórias. A argumentação deve se centrar na interferência externa, o que geralmente causa a punição do time da casa.