Entre atletas e comissão técnica, 52 membros da delegação paralímpica brasileira estão isolados no Japão. Eles tiveram contato com um integrante da delegação que testou positivo para covid-19. Portanto, os atletas desse grupo também estão proibidos de treinar antes do início dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. A competição se inicia no próximo dia 24.
O protocolo do Comitê Organizador dos Jogos orienta que as pessoas que sentarem-se no raio de duas fileiras de assentos de um infectado devem ser isoladas. Isso porque, na avaliação das autoridades sanitárias, em determinados momentos houve exposição sem máscara para as refeições, por exemplo.
Em nota, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) critica o isolamento do grupo e diz que a conduta colide com o que preconiza o "Playbook" dos Jogos de Tóquio2020, conforme versão enviada ao CPB em 15 de julho: "É permitido aos atletas que mantiveram "contato próximo" treinar, igualmente em isolamento, e até mesmo competir nos Jogos de Tóquio" .
Conforme o CPB, a prática já teria sido aplicada, por exemplo, com atletas olímpicos da África do Sul, da Rússia e da Itália durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. A entidade reitera ainda que segue na tentativa de obter a autorização de treinamento para os referidos atletas e possibilitar a melhor participação brasileira no maior evento do ciclo paralímpico.
Entre os que estão isolados, ninguém poderá deixar as dependências dos quartos do hotel. O isolamento ocorre na cidade de Hamamatsu, onde os representantes do Brasil fazem aclimatação para o início da competição. O local fica a cerca de 250 km de Tóquio. E não há atletas de outras delegações nas proximidades.
Todos os membros da delegação brasileira, estando no grupo isolado ou não, realizam testes diários desde o dia que chegaram no Japão. O primeiro caso positivo ocorreu em um exame de PCR no desembarque no país, na última sexta-feira (6). O segundo caso foi registrado após exame salivar de um membro, já em isolamento, ter dado positivo.
De acordo com o Comitê, os testes diários do grupo isolado estão dando negativos. Apesar disso, a decisão é mantê-los sob restrições. O restante da delegação, que não está com circulação limitada, pode sair normalmente de acordo com a programação montada pela comissão técnica.
Aproximadamente 130 representantes do Brasil já desembarcaram no Japão para a competição. São representantes da natação, tênis de mesa, goalball e halterofilismo. Além de membros da comissão técnica, médica e administrativa. Ao todo, a missão brasileira contará com 431 pessoas, sendo 253 atletas representando o país em 20 modalidades. O processo logístico é intenso e exige que os Comitês Paralímpicos realizem cerca de 900 testes para covid-19.
Confira a nota do CPB:
"Um grupo de 52 pessoas da delegação paralímpica brasileira está em isolamento total em três hotéis na cidade de Hamamatsu desde que foi identificado contato com um indivíduo que testou positivo para novo coronavírus na chegada ao Aeroporto Internacional de Narita, no Japão, no início da noite de sexta-feira, 6.
Pelo protocolo do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, todas as pessoas que se sentaram num raio de duas fileiras de assentos ao redor deste indivíduo infectado devem ser isoladas pela possibilidade de exposição ao vírus durante o voo.
Desde então, as 52 pessoas foram isoladas, das quais 27 são atletas. Cinco dias após o desembarque e com todos os exames PCR negativados, elas permanecem isoladas e sem autorização para sair do quarto, nem mesmo para treinamentos em isolamento.
Esta conduta é colidente com o que preconiza o playbook dos Jogos de Tóquio, em sua última atualização enviada ao CPB em 15 julho de 2021, segundo o qual é permitido aos atletas que mantiveram “contato próximo” treinar, igualmente em isolamento, e até mesmo competir nos Jogos de Tóquio. Assim foi feito, por exemplo, com atletas olímpicos da África do Sul, da Rússia e da Itália durante os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Como Hamamatsu tem o status de “Cidade Sede” (Host Town, em inglês) dos Jogos 2020, a localidade se comprometeu a aplicar as diretrizes do referido playbook.
A manutenção do isolamento total dos atletas paralímpicos brasileiros é uma medida tomada pela prefeitura de Hamamatsu, que não permite qualquer alteração neste procedimento antes de 14 dias, mesmo que o atleta tenha testado negativo de forma reiterada, prejudicando assim toda a preparação e aclimatação dos atletas para a participação no Jogos.
O CPB já fez contato com o Comitê Organizador de Tóquio, com a prefeitura de Hamamatsu e com a embaixada brasileira no Japão, com o intuito de obter a liberação imediata dos atletas isolados para treinamento. Apesar dos esforços do governo brasileiro, não encontramos respaldo por parte das autoridades locais. Seguimos nas tentativas de obter a autorização de treinamento para os referidos atletas e possibilitar a melhor participação brasileira no maior evento do ciclo paralímpico”.