Neste 14 de junho de 2021, o Sala de Redação voltou no tempo. Em comemoração aos 50 anos de existência dos debates esportivos da Rádio Gaúcha, os comunicadores retornaram ao mesmo lugar onde o programa nasceu, em 1971, pelas mãos de Cândido Norberto: a redação da Zero Hora, na esquina das Avenidas Ipiranga e Érico Veríssimo.
Em tempos de pandemia, a equipe tomou todos os cuidados sanitários, com os debatedores obedecendo o distanciamento entre si e utilizando máscaras. Assim, estiveram em um grande círculo: o apresentador Pedro Ernesto Denardin e os debatedores Adroaldo Guerra Filho, David Coimbra, Diogo Olivier, Leonardo Oliveira, Mauricio Saraiva, Alex Bagé e Luciano Potter. Aos integrantes, somaram-se o acionista do Grupo RBS Nelson Sirotsky e o presidente da RBS, Claudio Toigo.
— Fazia dois anos que eu não vinha no prédio. Pedi licença para vir. Estou emocionado. Ali atrás, onde está o Diogo (Olivier), era onde funcionava o estúdio do Sala de Redação. Eu era menino e, depois de almoçar, eu subia e assistia ao Cândido Norberto e Paulo Sant'Ana começarem esta história. Inacreditável! Não tenho responsabilidade nenhuma pela criação do programa, mas tenho o privilégio de ser um ouvinte desde o primeiro momento e, às vezes, presente no estúdio — falou Nelson Sirotsky, com a voz embargada.
Filho de Maurício Sirotsky, fundador da RBS, Nelson recordou o surgimento do programa cinco décadas atrás, trazendo detalhes de bastidores desconhecidos do grande público.
— Este estúdio foi montado dentro da redação da Zero Hora (atual Redação Integrada) para acolher o Sala de Redação. Em 1972, quando houve o incêndio no prédio da TV, a rádio passou a transmitir, por um longo tempo, deste estúdio daqui, porque seus estúdios lá do morro Santa Teresa queimaram — recordou.
Para Nelson, o Sala antecipou o que viria a ser a Rádio Gaúcha.
— O Sala de Redação foi o embrião do que veio a ser a Rádio Gaúcha. Em 1971, a RBS não era como é hoje. Nós não vencíamos e, inclusive, perdíamos feio em audiência para a Rádio Guaíba. E foi o Sala de Redação que proporcionou esta virada. E a Zero Hora se alimentou desta relação. Por isso me emociono ao falar sobre isso — completou.
Citado quase que diariamente no programa por Guerrinha, Claudio Toigo entregou um presente ao comentarista: uma camiseta com os dizeres "GreNal & Sala & Dia 5 & Toigo".
— O Sala se renova sem a gente perceber que ele vai se renovando. Ele vai mantendo sua vitalidade e seu vigor, como se teve no passado. Acompanho o Sala desde criança e ele traz uma coisa muito bacana. A gente fala muito das brigas, em um ambiente que vivemos, difícil, de discussões e polarizações. E, neste momento, o Sala se reinventa e consegue propor debates que servem até como exemplo, por que faz isso com respeito, com divergências de opiniões, mas com o pé na bola e não na canela — afirmou Toigo.
Além do presente recebido por Guerrinha, o apresentador Pedro Ernesto também mostrou duas lembranças encaminhados pelas direções de Grêmio e Inter: duas camisas enquadradas, de cada um dos clubes, com o número 50 às costas.
O Sala se reinventa e consegue propor debates que servem até como exemplo, por que faz isso com respeito, com divergências de opiniões, mas com o pé na bola e não na canela
CLAUDIO TOIGO FILHO
presidente da RBS
Sobre a rivalidade, uma das características do Sala, Nelson falou em tom bem- humorado:
— As brigas começaram com a entrada do Sant'Ana. Ele vinha aqui na redação, sentava no estúdio e, em um determinado momento, o Cândido (Norberto) disse para ele: "Vou arrumar um salário para ti". E acertou! Todo mundo sabe que eu sou gremista. Mas um dia eu falei com meu pai e disse que precisávamos equilibrar o debate no Sala, convidando um torcedor colorado. E aí sugeri o nome do Ibsen Pinheiro, que entrou e deu um banho no Sant'Ana... Estou brincando, viu Sant'Ana?!
Por volta das 13h20min, o mediador pediu a atenção de todos para anunciar que o Sala de Redação estava sendo transmitido ao vivo na RBS TV, durante o Globo Esporte. Neste momento, todos os participantes cantaram o parabéns gaudério: "Parabéns, parabéns, saúde e felicidade...".
Encerrando a primeira parte, totalmente voltada às homenagens, os comunicadores fizeram aquilo que estão acostumados: debater as coisas da dupla Gre-Nal. Nem por isso, cessaram as referências ao aniversário de 50 anos. Durante o programa, também entraram depoimentos gravados de ex-participantes, como Ruy Carlos Ostermann e Lauro Quadros, além do treinador da Seleção Brasileira, Tite.
Ao final, Pedro Ernesto chamou uma salva de palmas aos antigos integrantes, patrocinadores e aos milhares de ouvintes.