A final do Novo Basquete Brasil entre Flamengo e São Paulo que começa neste sábado (22), às 16h, no Maracanãzinho, com transmissão da ESPN, TV Cultura, DAZN e Twitch, coloca em lados opostos Gustavo de Conti e Cláudio Mortari, dois treinadores com currículo vencedor. A curiosidade é que o treinador da equipe rubro-negra, aos 41 anos, chega para sua quarta decisão consecutiva do NBB. Já o são-paulino, de 73, vai disputá-la pela primeira vez.
Gustavinho esteve na decisão por duas vezes com o Paulistano e repetiu o rendimento pelo Flamengo. O treinador conquistou o título das temporadas 2017-18 e 2018-19, na última edição completa do torneio. Já Mortari, apesar de ostentar cinco títulos nacionais na carreira (1977/78/79/83/95), vai estrear em uma final de NBB.
— O Cláudio é uma lenda. Um treinador veterano na idade, mas super atual na maneira de atuar na prática. É o treinador brasileiro mais vitorioso em atividade e, além de uma grande dificuldade, será uma grande honra pra mim poder enfrentá-lo. Somos amigos, conversamos bastante fora da quadra, mas agora será cada um lutando pelo seu lado e pelo título — afirmou Gustavinho.
Três vezes campeão nacional pelo Sírio, clube que também dirigiu na conquista do título mundial interclubes em 1979, Mortari retribuiu o elogio.
— Será um duelo muito interessante. O Gustavinho foi meu atleta e é um jovem que tem feito um grande trabalho no comando de uma equipe muito forte. Creio que, com certeza, ele será o treinador da seleção brasileira em breve, porque faz um grande trabalho e é um técnico que já cresceu e vem crescendo muito ao longo dos tempos. Enfrentá-lo na final será uma sensação muito boa e um grande desafio — afirma o veterano comandante que liderou ainda o Palmeiras (1977) e o Rio Claro (1995) em suas conquistas nacionais.
O experiente treinador quer conquistar o título em sua primeira final de NBB, mas admite que estar nesta decisão já é um prêmio pelo trabalho realizado no São Paulo. Após terminar na terceira posição na fase regular, o time do Morumbi passou pelo rival Corinthians nas quartas de final (2 a 0) e desbancou o Minas Tênis Clube, que era favorito, na semifinal, por 3 a 0.
— É um desafio extremamente importante. O fato de chegar na final já é uma sensação muito boa e reconhecimento de um árduo trabalho, que foi bem feito. Apenas uma equipe será a campeã, mas isso não desvaloriza quem ficar com o segundo lugar. Foi uma grande competição e estar nesta decisão é algo muito bom e que vamos viver da forma mais intensa possível — projetou Mortari.
Com mais lastro em finais de NBB, Gustavinho garante que o histórico recente não entra em quadra. O Flamengo, no entanto, ostenta 31 jogos de invencibilidade, incluindo NBB, Copa Super 8 e Champions League Américas. A última derrota foi para o Corinthians, por 83 a 69, no dia 29 de dezembro do ano passado. Além disso, todos os jogos da série melhor de cinco serão no Maracanãzinho, no Rio.
— É um número importante, que serve como motivação para seguir em frente, mas infelizmente eles não entram na quadra. Há que se construir todo o caminho para a vitória e para o título novamente, com muito treino, muito planejamento e muito trabalho, independentemente de quantas vezes se tenha chegado à final ou ganhado o título — comentou Gustavinho.
Para o treinador do Flamengo, o segredo para derrotar o São Paulo está na defesa. A final coincidentemente reúne os dois melhores ataques do NBB, com média de 89,1 pontos por jogo. As duas equipes também lideram em arremessos de três pontos, com vantagem para o time (13,2 contra 11,6).
—O São Paulo é um grande time, com ótimos jogadores e os resultados da temporada demonstram isso. É muito difícil sempre jogar contra eles e dessa vez não será diferente. Temos de botar o nosso foco na defesa, que creio que será o melhor caminho para tentar vencer— comentou Gustavinho.
O fato de ter de jogar na casa do adversário não intimida Mortari. Por causa dos protocolos de combate à covid-19, os confrontos serão todos no Maracanãzinho, assim como aconteceu nas duas séries semifinais.
— O que determina o vencedor é quem tem mais tranquilidade, determinação, inteligência de jogo e paciência. Playoff é uma competição diferente. São jogos seguidos, que você não sabe a reação da equipe após um resultado, seja ele positivo ou negativo, e tempos pouco tempo de recuperação. Eles terão a vantagem de jogar na casa deles, mas não creio que seja algo tão vantajoso neste momento.
Desde 200, dois times de tradição não decidiam o título de campeão brasileiro de basquete
O encontro na final entre duas equipes com ligação com o futebol acontece pela primeira vez na história do NBB. A última vez que isso ocorreu foi pré-NBB, entre Vasco e Flamengo, em 2000. Naquela oportunidade, Mortari era o técnico do time rubro-negro que tinha Oscar Schmidt e foi superado na decisão pelo rival, que era comandado por Hélio Rubens.
— É importante a manutenção do time do Flamengo e a criação do São Paulo. Isso dá maior força e visibilidade ao campeonato. Torcedores que, talvez não tivessem tanto interesse no esporte, passam a olhar de uma outra forma e todo mundo ganha com isso. O clube passa a ser ainda mais visto, o torcedor ganha uma nova experiência e o esporte cresce ainda mais. Isso motiva bastante e espero que mais times apareçam nos próximos campeonatos—analisou Mortari.
—Acho que não sei relacionar os times de camisa com a final do NBB, mas, sem dúvidas, será uma atração à parte nessa reta final de competição. São dois clubes com muitos torcedores, que arrastam muitas paixões, e que com certeza acompanharão seus times de perto na decisão— completou Gustavinho.
A segunda partida da final do NBB entre Flamengo e São Paulo está agendada para segunda-feira (24), às 20h. O terceiro jogo será na quinta-feira (27), às 18h30.