O Brasileiro Feminino A-1 começou no último final de semana com a participação de 16 equipes das mais diversas regiões do país. Como em todo início de temporada, os clubes se movimentam no mercado com chegadas e saídas. Mas, neste ano, um detalhe chama a atenção entre os times: a presença dos mesmos treinadores na casamata.
O futebol feminino, que também é marcado pela dança das cadeiras nos comandos técnicos, tem apostado na manutenção dos trabalhos. A ficha das equipes traz um número expressivo: 11 dos 16 dos clubes mantiveram os mesmos ou mesmas profissionais no comando dos times desde a última temporada. Além disso, nove dos treinadores estão no mesmo clube há pelo menos dois anos.
Grêmio e Inter estão inseridos nas duas estatísticas. Técnica das Gurias Gremistas, Patrícia Gusmão foi anunciada pelo Tricolor em janeiro de 2019, após trabalhar como auxiliar técnica no rival. Antes disso, ela já havia passado pelo clube em 2017. No primeiro ano de trabalho, veio a conquista do acesso para a Série A-1, primeira divisão do futebol feminino brasileiro.
O futebol está cada vez mais complexo. Todos os clubes têm acesso aos jogos, podendo estudar os adversários. Junto a isso, cada treinador tem suas ideias de jogo, e sua metodologia de trabalho. Precisamos estar sempre repetindo as informações, para que as atletas assimilem mais rápido e possam dar uma resposta mais rápida dentro de campo.
PATRÍCIA GUSMÃO
TÉCNICA DAS GURIAS GREMISTAS
De volta à elite do Brasileirão em 2020, a equipe terminou a primeira fase na oitava colocação e se classificou para os mata-matas. Em 15 jogos, alcançou sete vitórias, três empates e cinco derrotas. Nas quartas de final, teve pela frente o Corinthians e acabou eliminado antes de chegar às semis. No Gauchão Feminino, a equipe busca recuperar a hegemonia no Estado. A última conquista foi em 2018 e, nos dois anos seguintes, a taça foi perdida na final para o Inter.
Para Patrícia, a continuidade do trabalho de técnicos é fundamental em qualquer modalidade. No futebol feminino, torna-se ainda mais necessária em virtude das atletas já iniciarem a prática esportiva na fase adulta, sem a vivências da parte técnica e tática como deveriam.
— O futebol está cada vez mais complexo. Praticamente todos os clubes têm acesso aos jogos, podendo estudar os adversários. Junto a isso, cada treinador tem suas ideias de jogo e sua metodologia de trabalho. Precisamos estar sempre repetindo as informações para que as atletas assimilem mais rápido e possam dar uma resposta mais rápida dentro de campo — destacou a técnica à reportagem de GZH.
Maurício Salgado assumiu o Inter no mesmo período em que Patrícia Gusmão foi para o Grêmio. O treinador foi anunciado em janeiro de 2019, e o primeiro desafio já foi a disputa do Brasileirão. Naquele ano, o time terminou a primeira fase em quinto lugar. Foram nove vitórias, dois empates e quatro derrotas em 15 jogos. Acabou eliminado nas quartas de final pelo Flamengo.
Em 2020, a campanha na primeira fase foi melhor. Terceira colocação, com 10 vitórias, três empates e duas derrotas. A equipe chegou a estar perto das semifinais, mas foi eliminada pelo Kindermann, nas quartas de final. Mas o ano foi coroado com a conquista do bicampeonato gaúcho, de forma invicta.
A manutenção de técnicos, em qualquer clube, é uma aposta em um trabalho que vem dando certo e com boas chances de melhorar ainda mais a cada ano.
CLÁUDIO CURRA
Diretor do futebol feminino do Inter
Para o diretor de futebol feminino do Inter, Cláudio Curra, a renovação com o técnico está aliada às boas campanhas nos dois anos de trabalho com a aposta em que o time pode evoluir ainda mais.
— O técnico Maurício Salgado é um profissional renomado, de ponta no futebol feminino, e confiamos muito no trabalho dele. Está há dois anos no clube, conhece o projeto e o elenco que foi mantido, tendo feito duas edições do Brasileirão A1 e dois títulos gaúchos. A manutenção de técnicos, em qualquer clube, é uma aposta em um trabalho que vem dando certo e com boas chances de melhorar ainda mais a cada ano — afirmou a GZH.
Dados do Brasileirão Feminino 2021:
- Edição recorde com quatro mulheres no comando técnico das equipes
- Sete técnicos (as) que estão no mesmo clube desde 2020
- 11 times com os mesmos treinadores (as) há pelo menos dois anos
- Cinco profissionais que assumiram em 2021
Exemplos que deram certo
A prova que a sequência de trabalho pode render bons frutos está no exemplo de dois treinadores que já figuram no Brasileirão Feminino há bastante tempo. Tratam-se de Arthur Elias, técnico do Corinthians desde 2016, e Jorge Barcellos, comandante do Kindermann desde 2017.
O primeiro começou ainda quando o time corintiano atuava na parceira com o Audax. Na sua primeira temporada, Arthur Elias levou a equipe ao título da Copa do Brasil, garantindo vaga na Libertadores do ano seguinte. Em 2017, veio a conquista da América, nos pênaltis, contra o Colo-Colo, do Chile. O ano de 2018 marcou a conquista do primeiro título brasileiro.
Em 2019, mais duas taças para o armário: o Paulista e o bicampeonato da Libertadores, além de ter faturado o vice do Brasileiro. Na temporada passada, a equipe se sagrou bicampeã do torneio nacional e uma das maiores vencedoras da competição.
Vice-campeão da edição passada — quando perdeu a final para o Corinthians —, Jorge Barcellos está no comando do Kindermann desde 2017, quando participou da reconstrução da equipe. O clube ficou quase dois anos com as atividades suspensas após a morte trágica do então treinador, Josué Henrique Kaercher.
Barcellos manteve o time na série principal do Brasileirão e conquistou três títulos do Catarinense Feminino em sequência: 2017, 2018 e 2019. Na temporada passada, as Avaianas Caçadoras chegaram até a Libertadores, mas foram eliminadas antes das quartas de final.
Quem são os técnicos (as) dos times do Brasileirão Feminino?
- Associação Napoli Caçadorense: Carine Marla Bosetti (desde 2019)
- Bahia: Igor Morena (desde 2019)
- Botafogo: Gláucio Carvalho (desde 2019)
- Corinthians: Arthur Elias (desde 2016)
- Cruzeiro: Marcelo Frigério (desde 2020)
- Ferroviária: Lindsay Camila (2021)
- Flamengo: Celso Silva Jr. (desde 2020)
- Grêmio: Patrícia Gusmão (desde 2019)
- Inter: Maurício Salgado (desde 2019)
- Kindermann-SC: Jorge Barcellos (desde 2017)
- Minas Brasília: Antônio Carlos Bona (desde 2021)
- Palmeiras: Ricardo Belli (desde 2019)
- Real Brasília: Adilson Galdino (desde 2021)
- Santos: Christiane Lessa (desde 2021)
- São José: Nedilson de Oliveira (desde 2021)
- São Paulo: Lucas Piccinato (desde 2019)