A pandemia de coronavírus não impactou apenas nos orçamentos do futebol profissional de Grêmio e Inter. As categorias de base da Dupla também precisaram ultrapassar as barreiras impostas pela paralisação da atividade por quase seis meses para retornarem em uma realidade diferente daquela prevista pelas direções no começo da temporada 2020.
Apesar das dificuldades, os dois clubes seguem cumprindo suas obrigações nas categorias inferiores ao profissional. No caso do Grêmio, o orçamento para este ano era praticamente idêntico ao de 2019, cerca de R$ 20 milhões. Com a pandemia, o valor poderá sofrer uma redução de aproximadamente 15%, o que, segundo o clube, será compensado com a redução de despesas que a própria paralisação acabou proporcionando.
— A pandemia não produziu impacto nos investimentos programados para as categorias de base do Grêmio por fazerem parte de um planejamento realizado nos anos anteriores e pela reserva orçamentária própria aprovada pelo Conselho de Administração. Além disto, a base é estratégica e não iríamos abrir mão de concluir os investimentos em andamento — explica Gustavo Schmitz, diretor-geral da base gremista.
No Colorado, o gerente-geral das categorias de base do Inter Erasmo Damiani afirma que a pandemia teve um impacto significativo no que diz respeito aos investimentos feitos na base, não apenas na questão de atletas, mas também de materiais.
— Tínhamos previsto melhoras em equipamento, poderíamos ganhar um valor por competições que não estão ocorrendo. Tudo orçado está completamente fora do previsto. Estamos trabalhando para reduzir os custos para que não se tenha um impacto maior lá na frente — ressaltou o dirigente colorado.
Os dirigentes dos dois clubes admitem que a pandemia teve um impacto negativo na captação de novos atletas para a base. Afinal, as equipes não puderam realizar as tradicionais "peneiras", como são conhecidos os testes.
— A gente deixou de ter estas avaliações, o que faz com que deixemos de captar alguns jogadores que aparecem nesses casos. Além disso, sem competições, nossos olheiros acabam não tendo o que observar — explica Damiani.
— Temos previsão de retomar alguns eventos de avaliações a partir de novembro, se conseguirmos estruturar os protocolos mínimos para evitar riscos de contágio de covid-19. Não podemos colocar em risco os atletas que estão treinando e jogando — disse Schmitz.
Os impactos também foram sentidos nas prorrogações de contratos com alguns jovens que já estão na dupla Gre-Nal. Isso porque, de certa forma, os jogadores têm atuado menos, o que prejudicou o andamento de algumas renovações, ainda que Grêmio e Inter tenham ampliado o vínculo de alguns atletas durante a pandemia.
— A renovação você espera para dar olhada, e só agora estamos tendo competições. Não tem o parâmetro de como o atleta voltou e da forma que ele vai se comportar, às vezes você corre esse risco, não renova porque viu pouco ou renova mesmo tendo visto pouco, aí o menino não desenvolve — completa Damiani.