Campeão mundial de surfe em 2015, Adriano de Souza, o Mineirinho, anunciou que vai se aposentar ao final da próxima temporada. Um dos maiores surfistas do país acredita que chegou o momento de parar após ficar 18 anos competindo em alto nível no Circuito Mundial. A decisão do atleta foi revelada nesta quarta-feira.
— A temporada de 2021 será minha última como atletas profissional. Tomei a decisão com a WSL (World Surf League, na sigla em inglês), meus patrocinadores e minha família. Saio super honrado, será um ano de despedida e tenho certeza de que será bem bacana — avisou o atleta.
Foram 14 temporadas na elite do surfe e, além do título mundial, Mineirinho foi responsável por abrir portas para a atual geração chamada de "Brazilian Storm". Entre suas façanhas está a vitória no Pipe Masters de 2015, justamente na edição que foi campeão, a primeira de um brasileiro nos temidos tubos de Pipeline, no Havaí.
Até por essa trajetória, os surfistas mais jovens como Gabriel Medina, Italo Ferreira e Filipe Toledo enxergam Mineirinho como um líder dessa geração.
Mineirinho cresceu na periferia de Guarujá, no litoral paulista. Aos 8 anos começou a se jogar nas ondas de sua cidade e, mesmo com as condições financeiras precárias de sua família, lutou para fazer o que mais gostava. Tanto que quando foi campeão mundial dedicou o título ao seu irmão, que deu R$ 30 para ele poder comprar a sua primeira prancha na época.
Quando chegou aos 14 anos, deixou sua casa e decidiu perseguir o sonho de ser surfista. E foi em 2006 que fez a sua estreia no Circuito Mundial. Além do talento, sempre chamou atenção por sua determinação nas ondas e por vitórias expressivas diante de atletas mais renomados, principalmente o americano Kelly Slater.
— Quando entrei no Circuito Mundial tinha três referências: o Victor Ribas, o Fabio Gouveia e o Neco Padaratz. Quando entrei eu tinha que passar por esses obstáculos. Tive sete vitórias, fui campeão e trouxe um surfe inovador. Aí deixei meu sarrafo, Gabriel veio e tirou. Novos atletas vão ter outras metas e passar os limites. O atleta sempre vai deixar algo para outros superarem — comentou.
Nos últimos anos sofreu com lesões e até poderia continuar competindo, mas optou agora por fazer uma última temporada e parar.
— O ano de 2019 foi difícil, de muita luta, de recuperação do meu joelho. Aí me machuquei novamente. Voltei em janeiro para tentar retomar a vontade de competir novamente, iniciei na Austrália, mas veio a pandemia — comentou.
Com um início de 2020 complicado, o surfista não alcançou os resultados esperados nos primeiros meses do ano. Somado a isso, o momento vivido sem novas competições em decorrência da crise sanitária global fez com que Adriano optasse por dar um outro rumo a carreira, encerrando sua participação no Tour em alta performance e celebrando as conquistas que o surfe lhe deu.
— Resolvi dar oportunidade a estes últimos 15 anos - em que desenvolvi relacionamentos no mundo inteiro, com pessoas queridas, numa grande conexão com familiares, amigos e fãs - para passar uma mensagem de luz novamente no meu caminho. Senti que ela foi apagada, mesmo com todo o meu esforço. Acredito que, com essa atitude, conseguirei acender uma nova luz para fazer um ano de 2021 muito bom — finalizou.