No Fluminense, o objetivo de Odair Hellmann é dar o salto na carreira e incluir uma conquista no currículo. Esse carimbo ainda pesa. Com um time carente, montou um esquema fechadinho e competitivo, que surpreendeu o país ao ganhar a Taça Rio, o segundo turno do Campeonato Carioca, nos pênaltis, sobre o poderoso Flamengo de Jorge Jesus.
Na decisão do Estadual, faltou fôlego para o time que, além de tudo, havia começado a treinar três semanas depois do rival. Perdeu os dois jogos da final, mas deixou uma impressão positiva nos enfrentamentos.
O problema, mesmo, é o conjunto. Seu começo de Brasileirão previu, de cara, o Grêmio na Arena — derrota por 1 a 0. Depois, pegou o Palmeiras no Maracanã — empate em 1 a 1. Dos últimos 10 jogos, o Fluminense só venceu um. Por isso, os muros das Laranjeiras apareceram pichados, e uma das frases foi o clássico "Fora Odair". Como todo time brasileiro, o treinador está pressionado.
Por essas coincidências do futebol, caberá aos antigos comandados a missão de certa forma ingrata de aumentar essa pressão. Não há dúvidas de que esse não é o cenário que dirigentes e, principalmente, atletas colorados desejavam. O treinador sempre foi muito querido por todos, que usam palavras respeitosas e até carinhosas para descrever o reencontro.
O protocolo deve impedir ao menos na frente das câmeras abraços mais demorados, mas não será surpresa se houver uma fila de cumprimentos com os cotovelos ao técnico. O próprio Eduardo Coudet tratou do tema:
— No futebol sempre se olha para o resultado final, mas o Inter, com o Odair, chegou nas quartas de final da Libertadores e foi finalista da Copa do Brasil. O que ele fez não foi fácil. Temos de ressaltar o que foi feito anteriormente. Foi um grande trabalho.
O Papito também se manifestou sobre o encontro:
— Tenho muita gratidão, carinho e respeito ao Inter, por tudo o que me proporcionou. Fiz muitos amigos por lá. Participei, junto a muitas pessoas, de um momento de recuperação do clube, saindo da Série B e chegando ao terceiro lugar no Brasileirão de 2018, a duas finais em 2019. Acho que foi um belo trabalho de reconstrução, Coudet está fazendo um grande trabalho, iniciando muito bem o Brasileirão. O Inter é um time intenso e tem qualidade, mas futebol de alto rendimento exige alto rendimento dos profissionais. Agora defendo o Fluminense, estou dando a vida aqui, dando o meu máximo, como sempre fiz, para conseguir essa vitória.
Independentemente do resultado, a relação da família com a Cidade Maravilhosa parece perene. O retorno às terras cariocas despertou em sua esposa Jacqueline uma vontade:
— Nós adoramos o Rio de Janeiro. Gosto do clima, das paisagens, das praias. Falei para o Odair que quando ele se aposentar, vamos morar aqui — brinca Jacqueline.
Até lá, porém, há muito o que fazer. A começar por reencontrar o Inter e enfrentar o time que mais representou.