O Campeonato Catarinense de futebol seguirá o exemplo do Carioca e será retomado, mesmo que o contágio de coronavírus ainda não tenha recrudescido no país. A Federação Catarinense de Futebol (FCF) pretende concluir a disputa em sete datas a partir desta quarta-feira (8). Diferentemente do Rio Grande do Sul, Santa Catarina não têm padrões regionais de restrição estabelecidos pelo governo, e cada município decidiu quando os times poderiam treinar.
— Quando tomamos a decisão de realizar os jogos, fizemos vistorias nos clubes de Florianópolis e determinamos as medidas sanitárias. Todos deverão fazer testes 24 horas antes das partidas e limitamos o número de 100 pessoas, no máximo. O que nos levou a isso é que estamos em campanha para que as pessoas fiquem em casa. Associado a isso, observamos que há um forte abalo emocional das pessoas em quarentena. Então, vimos a possibilidade de um evento de futebol, sem público, mas que possibilite que as pessoas fiquem em casa e, durante um tempo, deixem de discutir apenas a covid-19, melhorando sua condição emocional, se envolvendo com futebol — explica Carlos Alberto Justo da Silva, secretário de saúde de Florianópolis.
A primeira partida depois de 113 dias de paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus será válida pelas quartas de final, entre Chapecoense e Avaí, na Arena Condá, na quarta-feira (8), às 20h30min, sem a presença de torcedores na arquibancada. O jogo da volta será no domingo (12), na Ressacada, na capital catarinense. O mais curioso é que a prefeitura de Florianópolis atualmente não permite sequer treinos com bola, mas autorizou a realização do jogo no próximo final de semana depois de reunir-se com a FCF.
— Para que eles pudessem fazer treinos, teriam de manter os jogadores em concentração ou teriam de fazer testes periodicamente, a cada três dias, para a detecção de vírus. Mas eles acabaram não optando por esta solução porque é cara e com dificuldade de operacionalização — argumenta Justo da Silva.
O Avaí treina em Palhoça, município vizinho a Florianópolis, desde o dia 3 de junho. Líder da primeira fase do Estadual, o time chegou a oferecer o campo de treinamento para que o Inter treinasse, mesmo sem ter autorização do município para realizar atividades. Em entrevista à Rádio Gaúcha neste domingo (5), o presidente do clube, Francisco Battistotti, manifestou sua expectativa de que o prefeito da capital, Gean Loureiro, libere os treinos neste começo de semana. A assessoria da prefeitura, no entanto, afirma que não autorizará. O CT do rival Figueirense também fica em Palhoça. O clube manteve suas rotinas de treino normalmente.
Números da pandemia
Santa Catarina registra 32.969 casos de coronavírus e 393 vítimas fatais de covid-19 até esta segunda-feira (6). Mais de 20 óbitos e 2 mil diagnósticos foram registrados pela secretaria estadual de saúde nos últimos três dias. O próprio governador do Estado, Carlos Moisés (PSL), está em isolamento domiciliar após ter testado positivo para a doença na última quarta-feira (1º).
Além dos testes
O protocolo sanitário desenvolvido pela Federação limita a 33 o número de pessoas presentes em cada vestiário durante as partidas — 23 jogadores e 10 da comissão técnica. Em campo, além das equipes, apenas cinco fotógrafos, técnicos de imagem, dois profissionais de imprensa dos clubes, policiais, seis gandulas e delegado da arbitragem (todos credenciados e com checagem de sintomas gripais).
Até 10 dirigentes do time mandante e cinco do visitante estão autorizados a ocupar um camarote. Os hinos protocolares serão executados antes da entrada dos atletas em campo, que acontecerá sem a companhia de crianças. Repórteres de rádio não terão acesso ao gramado. As entrevistas coletivas pós-jogo serão feitas através de mensagens virtuais, sem a presença dos profissionais da imprensa nas salas de conferência dos estádios.
— As pessoas que estarão nos jogos são extremamente bem monitoradas por nós através de testes e medidas clínicas. Acreditamos que isso (jogos do Estadual) seja factível, sempre em alinhamento com as entidades públicas que são responsáveis pela manutenção da saúde da população e da curva epidemiológica — declarou o médico do Avaí, Luis Fernando Funchal, um dos responsáveis pela criação do protocolo da FCF.