O toque de recolher imposto pelo governo saudita, o fechamento das fronteiras e as incertezas da pandemia assustaram por mais de um mês o meia gaúcho Diego Miranda, do Al-Jabalain. Sem saber quando seria possível deixar a Arábia Saudita, o ex-atleta do Caxias revela que sentiu "muito medo".
Na semana passada, contudo, após um movimento liderado pelo ex-goleiro do Grêmio, Marcelo Grohe, do Al-Ittihad, o jogador de 28 anos enfim partiu rumo ao Brasil, em um voo de repatriação providenciado pela embaixada brasileira.
— Fazia mais de um mês que negociávamos com a embaixada para repatriar os brasileiros que estavam lá. Foi muito demorado. Nunca tínhamos resposta e não passavam uma data. Ficávamos sem saber nada. Fiquei com muito medo, porque estava demorando. Eu e minha esposa ficamos assustados e com medo de não conseguirmos voltar. Se é para ficar trancado lá, preferíamos ficar no Brasil com a família e as demais pessoas que a gente gosta. Mas, graças a Deus, foi possível conseguir o voo com sucesso — disse Diego Miranda, ao Planeta Bola, da Rádio Gaúcha.
Com 28,6 mil casos confirmados de covid-19 e 191 mortes registradas até esta segunda (4), a Arábia Saudita está sendo bem menos afetada que o Brasil pela pandemia. As medidas restritivas do governo saudita são também bem mais duras.
— Algumas cidades, com Jedah e Meca, tinham toque de recolher total. Eram 24 horas sem poder sair de casa. Só com autorização do governo. Em Hail (cidade onde joga o Al-Jabalain), o toque de recolher era de 6h a 15h. Podíamos ficar na rua nesse horário, mas saíamos só para ir ao mercado e à farmácia. Eles lá prezam muito pela segurança e pela saúde. Em Hail, até a gente sair, não tinha nenhum caso confirmado. Nós sabíamos que aqui no Brasil estava muito difícil (por conta dos efeitos da pandemia). Mas, se é para ficar sem poder treinar, jogar e fazer o que amamos, é melhor estar no Brasil com a família — completou.
Mesmo após Marcelo Grohe, ao lado do técnico Fábio Carille, providenciar um voo de repatriação com a embaixada brasileira, a saga para deixar a Arábia Saudita não foi simples. Diego Miranda e sua esposa tiveram de percorrer longa distância de Hail até a capital Riad, uma das quatro cidades sauditas em que o avião pousou para buscar brasileiros.
— A viagem foi muito cansativa. De Hail a Riad, percorremos entre 800 e 900 quilômetros de ônibus. Demorou umas oito ou nove horas. Mas, se demorasse uma semana, não teria problema. Decolamos em Riad e ainda o avião parou em vários lugares, até na Etiópia (para reabastecimento) e depois em São Paulo. Estava todo mundo cansado, mas feliz. Agradeci ao Marcelo (Grohe) e ao Fábio (Carille). Eles fizeram um ótimo trabalho, tiveram essa iniciativa e foram a nossa voz. Foi cansativo, mas valeu a pena — finalizou.
Após pousar em Porto Alegre na última quarta (29), Diego Miranda deslocou-se para a terra natal, a pequena Sertão, cidade de pouco mais de 6 mil habitantes, situada próxima a Passo Fundo. Com a família, o jogador aguarda o fim da pandemia para retornar em segurança à Arábia Saudita, onde pretende dar sequência à carreira.