A juíza paraguaia Clara Ruíz Díaz decretou a prisão preventiva de Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho, e do seu irmão Roberto de Assis Moreira. Eles continuarão enclausurados na Agrupácion Especializada da Polícia Nacional enquanto prosseguem as investigações.
A prisão é por tempo indeterminado, o que pode significar até seis meses enquanto se investiga o que a magistrada classificou como "grave delito que atenta contra os interesses da República". Até então, Ronaldinho e Assis estavam em "detenção preventiva", recurso jurídico que tinha prazo de 48 horas até uma decisão definitiva da Justiça.
A decisão ocorreu após audiência dos irmãos Assis Moreira realizada no Palácio da Justiça, em Assunção, na manhã deste sábado (7) em que a dupla compareceu algemada. Eles haviam sido presos no noite de sexta-feira (6), no hotel em que estavam hospedados, dois dias depois de ingressarem no país com documentos paraguaios falsos (identidade e passaporte).
Segundo veículos do Paraguai, os problemas do ex-jogador com a Justiça paraguaia podem ir além da falsificação de documentos, com suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro. Um indicativo disso é que o caso passou a ser investigado pela Unidade Especializada de Crimes Econômicos do Ministério Público. Após a audiência de sábado, o procuradoria do Paraguai pediu a manutenção da prisão, o que terminaria acatado pela Justiça:
- Pedimos isso porque há perigo de fuga devido aos recursos econômicos que os acusados têm de deixar o país - declarou o promotor Osmar Legal à imprensa local.
A Justiça paraguaia negou ainda um pedido de prisão domiciliar dos brasileiros em razão de suposto problemas cardíacos de Assis.
Na mesma tarde em que a Ronaldinho e Assis tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, o promotor Osmar Legal também solicitou a prisão da empresária Dalia López, que estaria por trás da visita de Ronaldinho ao Paraguai, por "produção e uso de documentos falsos". Antes, já haviam sido presos preventivamente o empresário Wilmondes Sousa Lira, como responsável por entregar os passaportes falsificados, e as duas mulheres cujas identidades foram usadas para forjar os documentos. Ambas estão em prisão domiciliar, enquanto Lira foi encaminhado a uma penitenciária.
Ronaldinho e Assis estavam no Paraguai a convite do empresário Nelson Belotti para a inauguração de um cassino e de Dalia López, com a qual o jogador participaria de um evento beneficente. A empresária é investigada pela Subsecretaria de Estado e Tributación do governo do Paraguai por supostamente ter ocultado ganhos de US$ 10 milhões (cerca de R$ 46 milhões) do fisco paraguaio em um esquema envolvendo 10 empresas.
Procurado por GaúchaZH, o Itamaraty comunicou que o Consulado do Brasil em Assunção acompanha o caso, mas que "em atendimento ao direito à privacidade dos envolvidos, bem como em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012", não pode fornecer informações adicionais sobre o assunto.
*Com informações da Folhapress