"Quando o Cruzeiro perde, tenho de contar tudo para os outros, chorar, desabafar e rezar, pedir a Deus para ajudar, para eles vencerem, para a gente não chorar mais". Assim Maria Salomé da Silva, de 86 anos, definiu sua relação com o clube mineiro, em um vídeo gravado pelo Jornal Estado de Minas em 2017.
Torcedora-símbolo das arquibancadas celestes, Dona Salomé, como é conhecida, morreu na madrugada desta terça-feira (10), menos de 48 horas depois do primeiro rebaixamento da história do seu time, por causa de um problema cardíaco.
Ao site G1, o filho dela, Roberto da Silva, de 61 anos, contou que a mãe começou a passar mal no Mineirão, no domingo (8), durante a derrota para o Palmeiras que decretou a queda da equipe celeste à Série B do Brasileirão.
Segundo o filho, ela foi socorrida pelos Bombeiros, e o mal-estar não estava relacionado à confusão promovida por torcedores ao fim da partida, que foi encerrada antes do tempo normal de jogo.
Salomé trabalhou como funcionária do Cruzeiro e não perdia os seus jogos. Viajou com o clube em partidas por todo o país, acompanhando muitas vezes a Máfia Azul, maior torcida organizada cruzeirense. No Estádio Mineirão, carregava uma raposa de pelúcia debaixo do braço e não media palavras para reclamar de juízes que não lhe pareciam justos com o time.
Na semana passada, a Polícia Militar de Minas Gerais registrou uma ocorrência, dizendo que ela havia sido agredida por torcedores do rival Atlético-MG, após uma partida de vôlei de seu clube. A própria Salomé negou essa informação, alegando que caiu durante uma confusão entre torcedores no local.
O Cruzeiro mudou a foto de seus perfis nas redes sociais para uma imagem de Salomé, sorrindo, com a camisa do time e uma boneca de pano. Em uma das publicações, o time diz que a morte de Salomé deixou órfãos os nove milhões de torcedores cruzeirenses e prestou solidariedade à família.
Além do filho Roberto, Dona Salomé deixa três netos.