Petraglia e Athletico-PR, não dá para pensar em um nome sem ligar ao outro. A família que "comanda" o clube é, também, uma das mais polêmicas do futebol brasileiro. Herói ou vilão, ninguém fica indiferente ao dirigente que se tornou uma grife dos paranaenses.
A começar pelo cargo. Atualmente, Mario Celso Petraglia é o presidente do Conselho Deliberativo — um posto que, na maioria das vezes, diz mais sobre poderes internos do que externos. Mas todos o chamam, simplesmente, de "presidente".
Gaúcho de Cruzeiro do Sul, mudou-se para Curitiba ainda na infância. Seu crescimento no Athletico-PR ocorreu depois que o time sofreu uma goleada por 5 a 1 para o Coritiba. Comandou uma revolução interna e assumiu a presidência, em 1995. Dois anos depois, seu nome apareceu em uma gravação de telefonema com Ivens Mendes, então chefe do Conselho Nacional de Arbitragem. Um possível caso de corrupção, porém, que nunca teve investigação mais profunda e resultou ao Athletico-PR a perda de cinco pontos no campeonato. Mais tarde, a CBF promoveu uma virada de mesa e impediu o rebaixamento de Fluminense e Bragantino. Ninguém mais foi punido.
Mas quem foi "funcionário" de Petraglia, tem pouco a reclamar. Fabiano Soares, técnico em poucos meses de 2017, saiu do clube sem queixas:
— Deu toda a liberdade que eu precisava para trabalhar, pude aproveitar a infraestrutura, que não deve em nada aos gigantes europeus. Quando fui pressionado, ele me respaldou. Sempre foi correto comigo, tudo o que prometeu cumpriu.
Os elogios a Petraglia quase sempre se dão graças a sua percepção de futuro. É considerado um visionário até mesmo por seus pares.
— Sempre foi um dirigente à frente dos demais em termos de gestão, inovação. Foi um dos primeiros a trazer técnicos estrangeiros, montou um CT moderno, entre outras coisas — aponta Fernando Carvalho, ex-presidente do Inter.
A maior parte dos jogadores segue a linha. Nei, ex-lateral, do Athletico-PR, afirma:
— É um cara sensacional. É como um pai. Tem uma postura que acho certa para o presidente. Luta pelo grupo. Tem um grande coração. Enxerga 10 anos na frente. Por isso transformou o Athletico-PR nessa referência que é hoje.
Na torcida, ajudado pelos bons resultados, sua maneira de administrar é apoiada:
— Nossa, é o melhor presidente. Ele tem uma visão empresarial. É torcedor, mas também é empresário. Pensa nos dois lados. Às vezes, acho que o lado empresário é até maior do que o torcedor. Mas veja bem, em 1995, quando ele entrou, o Athletico-PR disputava a Série B, não tinha pretensão. Era ficar entre os 10 da Série B. Agora, mudou tudo — diz Gustavo Fernando Gomes, empresário, torcedor do Athletico-PR.
Em meio a tantos elogios, há também o outro lado. Petraglia é um homem de difícil trato. Quer as coisas de um jeito e se não for assim, não serve. Também é vaidoso, gosta de ter holofotes sobre si. E por ser teimoso, raramente ouve outras opiniões ou divide os louros de conquistas, segundo vários relatos.
Entrou em rota de colisão com diversas pessoas. Até com Geninho, o treinador campeão de 2001.
— Tenho o maior respeito pelo Petraglia como administrador. Foi ele que fez tudo isso, brigou para colocar o campo sintético, para comprar e construir o CT. Mas ele tem alguns conceitos que não batem com os meus na maneira de conduzir o grupo. Sou mais na conversa, ele é mais na pressão. Ele é mais no "Sou eu quem mando". Não acho certo — explica Geninho, que, apesar das desavenças, garante não ter qualquer mágoa do antigo chefe.