Prestes a completar 100 anos, a Portuguesa passa pelo momento mais delicado da sua história. Glórias como a conquista do Paulistão de 1973 e o vice-campeonato do Brasileirão de 1996 ficaram no passado. Hoje o clube vive uma grave crise financeira e está sem divisão. Na manhã deste domingo (25), craques do passado participaram de um jogo festivo no histórico Estádio do Canindé e fizeram um apelo pela recuperação da Lusa.
Nomes da campanha do Brasileirão de 1996 como Emerson, César, Capitão e Zé Roberto se uniram a nomes dos anos 60, como Leivinha e Ivair. O evento, organizado pela empresa Granada Sports, foi marcado por um jogo dos "Ídolos da Portuguesa" contra a "Seleção dos Famosos", partida comemorativa aos 99 anos do clube, completados em 14 de agosto. Craques que não passaram pela Lusa, como Edílson Capetinha e Careca, também prestigiaram a festa.
— A Portuguesa é um time querido. Sempre a respeitamos como time grande quando jogamos contra ela — contou Edílson, que recorda os duelos com o eterno garoto Dener, cria da Lusa e craque do Grêmio, morto em um trágico acidente de carro em 1994, com apenas 23 anos:
— Joguei contra o Dener quando eu estava no Guarani e depois quando eu estava no Palmeiras. Seria um dos maiores jogadores que eu iria conhecer. Infelizmente, não deu tempo. Mas, com certeza, Deus o colocou em um bom lugar — completa.
Aos 74 anos e em uma cadeira de rodas, o ex-atacante Ivair, o Príncipe, representou a geração vice-campeã paulista de 1964.
— Cheguei à Lusa com 12 anos e joguei aqui por muito tempo. A Portuguesa me deu muitos prazeres. Era um time que motivava todo mundo, um time muito bom. A Portuguesa não merece estar na situação em que está. Mas é muita gente querendo mandar. Precisa haver união para tudo voltar ao que era antes — protesta Ivair.
Ídolo do Palmeiras, o ex-meia Leivinha atuou na Portuguesa nos anos 60 e reforçou os apelos pelo ressurgimento do clube.
— Eu espero que não acabe nunca isso daqui. É um clube muito simpático. Tenho uma admiração muito grande. Joguei aqui por cinco anos. Prezo muito pela continuidade da Portuguesa — declarou Leivinha.
O último grande momento da Portuguesa foi a conquista da Série B do Brasileirão de 2011, com o time que foi apelidado de Barcelusa. Titular daquela equipe, o lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro, ex-Inter, defende hoje o São Bento, de Sorocaba, que disputa a segunda divisão nacional. O atleta acredita que a sua equipe pode servir de inspiração para a Lusa se reerguer.
— Fazer parte da história deste clube é um prazer imenso. Fiz parte de uma das alegrias recentes do clube, que foi a equipe conhecida como Barcelusa. Mas a situação atual é triste. Sem dúvida, a causa disso é a má administração. Saí daqui em 2013, quando o time estava na Série A. Seis anos depois, o clube está sem divisão. Mas tenho certeza de que a Portuguesa vai se reerguer. A quantidade de craques presentes no evento mostra a importância dessa camisa. Uma boa administração pode fazer a Portuguesa se reerguer. O São Bento não tinha divisão e hoje disputa uma série B do Brasileirão, tudo fruto de uma boa administração. É o que eu espero que aconteça com a Portuguesa — afirma Marcelo Cordeiro.
Enquanto isso, torcedores, dirigentes e personalidades da Lusa tem pouco menos de um ano para deixar o clube em uma situação mais digna para a celebração do centenário, no dia 14 de agosto de 2020.