A equipe brasileira de Ginástica Artística conquistou, neste domingo (28), a medalha de ouro dos jogos Pan-Americanos, em Lima, no Peru. Esta é apenas a segunda vez na história que o Brasil vence a prova - a outra foi em Guadalajara, em 2011.
Com uma grande apresentação, nos seis aparelhos, os ginastas brasileiros superaram até mesmo a pontuação obtida no último Campeonato Mundial. Arthur Zanetti, campeão olímpico das argolas em 2012 e prata em 2016, teve a nota mais alta da equipe, com 15.000 pontos em sua especialidade. Ele ainda passou por mais dois aparelhos, solo e salto. Nos seis aparelhos, que fazem parte do programa masculino da ginástica artística, o Brasil somou um total de 250,450 pontos, em sua divisão. O Canadá foi o segundo, com 246,725.
Mas para ter a certeza do ouro, os brasileiros passaram por uma longa espera. Após o final da divisão onde atuaram ao lado de canadenses, mexicanos e argentinos, eles tiveram que esperar um intervalo de cerca de duas horas para a sessão noturna, onde o grande adversário era o time dos Estados Unidos, que optaram por não trazer seus principais ginastas. O grande destaque da delegação norte-americana era Brody Malone, campeão do individual geral do Campeonato Universitário Norte-Americano (NCAA). Porém, ele sofreu três quedas na barra fixa e esse fator ajudou o Brasil a ampliar sua liderança.
Nas arquibancadas, ao lado da esposa Jéssica, Arthur Zanetti acompanhou o desempenho dos Estados Unidos, Colômbia, Cuba, Venezuela e Peru. A cada apresentação de um ginasta local, a torcida, que lotava as dependências do Polideportivo Villa El Salvador, ia ao delírio. Porém, a briga brasileira era com os norte-americanos, que chegaram à quinta rotação, no cavalo com alças, com 3,2 pontos de desvantagem. Como o desempenho brasileiro não foi bom neste aparelho, com o pior somatório de notas, a possibilidade de esquentar a briga pelo ouro foi ampliada, já que os Estados Unidos abriram 0,600 de vantagem.
O título pan-americano foi definido nas argolas, onde os brasileiros conseguiram 42,050. Para roubar o ouro, os norte-americanos precisavam chegar a 41,450, já contando os descartes. E dessa forma, Genki Suzuki, Robert Nuff, Cameron Bock e Brody Malone foram passando pelo aparelho onde o Brasil tem um dos maiores da história: Arthur Zanetti. Com 250,450 pontos no total, a equipe brasileira de Zanetti, Francisco Barreto, Arthur Nory, Caio Souza e o gaúcho Luis Porto assegurou o lugar mais alto do pódio, com os Estados Unidos ficando exatos 1.6 pontos atrás. O bronze ficou com o Canadá.
Esta foi a quarta medalha de ouro do Brasil em Lima, a 13ª no somatório, com mais quatro pratas e cinco bronzes. No quadro geral, o Time Brasil ocupa a quarta posição. Os Estados Unidos, com nove ouros, de um total de 24 medalhas, estão na liderança, seguidos por México e Colômbia.
Primeiro ouro gaúcho é de Luis Porto
Detentor da primeira medalha de ouro de um atleta gaúcho nesta edição do Pan, Luis Porto, natural de Guaporé, não escondia a satisfação com a conquista, realizada após recuperação de séria lesão sofrida.
— É um orgulho imenso para mim. Eu treinei a minha vida inteira para conseguir chegar no alto nível. Hoje eu cheguei e estou competindo com a elite, então é um sonho realizado para mim — disse o atleta, considerado uma das promessas do esporte brasileiro. — Essa medalha não é só minha, muita gente me ajudou para chegar até aqui, principalmente nos últimos meses. Eu estou voltando de cirurgia, o pessoal da físio lá do Grêmio Náutico União (ajudou na recuperação). É isso aí, (gostaria de) mandar um abraço para todo mundo que sempre acreditou em mim— finalizou.
Confira o perfil de Luis Porto, uma das apostas olímpicas para Tóquio 2020.