Contra as donas da casa, a Seleção Brasileira terá seu maior desafio contra a França na Copa do Mundo feminina neste domingo, às 16h, em Le Havre. As anfitriãs chegam às oitavas querendo confirmar o status de favoritas ao título. A equipe é apontada por especialistas como a melhor de todos os tempos no país.
Para encarar um dos rivais que mais investem na modalidade, o Brasil tem uma dúvida. Formiga, volante de 41 anos, pode retornar após suspensão. Porém, precisa se recuperar de uma torção no tornozelo esquerdo. Caso ela não tenha condições de atuar, a gaúcha Andressinha deve continuar.
— A Formiga é nossa legendária. Traz força, experiência e sabedoria. Conhece muito do futebol francês. Ela é importante para o jogo — afirmou a zagueira Kathellen.
E será preciso muito da experiência dela e da artilheira Marta. Há mais de uma década, a federação francesa atrelou condições do futebol masculino a incentivos à modalidade feminina. Um deles, é ampliar o limite de contratações. Normalmente, o número máximo permitido é de quatro chegadas nas divisões menores. Se o clube mantiver time de mulheres, pode contratar mais. Com isso, as francesas competem desde o sub-7.
As novas regras multiplicaram a quantidade de times femininos, revelaram jogadoras e fortaleceram a liga nacional. No Brasil, o primeiro campeonato de base ocorreu em 2017, com o Paulista sub-17. Em nível nacional, a CBF anunciou o Brasileirão sub-18 para este ano.
A França colhe os frutos dos investimentos: o Lyon, principal equipe do país e base desta seleção, é hexa da Liga dos Campeões. Medalhista olímpica pelo Brasil em 2004 e 2008, Rosana do Santos chegou ao time em 2011.
— O presidente ama o futebol feminino e é um visionário. Há mais de 10 anos, o Lyon tem time muito forte, com investimento alto não só para ganhar títulos, mas para formar jogadoras. Acho que isso é o grande trunfo deles: têm uma base que não existe no Brasil ainda — relatou Rosana.
O trabalho a longo prazo também ocorre na comissão técnica da seleção. Corinne Diacre foi a primeira mulher a treinar um time masculino na França, o Clermont Foot Auvergne 63, em 2014. A experiência vem do campo: ela é a terceira atleta que mais atuou pela seleção francesa, com 121 jogos no currículo, e foi a capitã da equipe na Copa de 2005. Ela é a treinadora da seleção há dois anos.
— É um time muito bem montado e entrosado. Elas se conhecem muito bem e vêm batendo na trave: em 2015, caíram para a Alemanha nas quartas. Na Euro, foram eliminadas pela Inglaterra. Estão no seu ápice agora — alertou Renata Mendonça, jornalista do blog Dibradoras, do Portal Uol.
Com capacidade para 33 mil pessoas, o Estádio Océane estará lotado neste domingo.
— Vai ter uma pressão muito grande. Ao mesmo tempo, pode ser algo que o Brasil tenha a seu favor. A obrigação de ganhar vai estar com elas. Elas têm uma questão psicológica complicada também, que pesou nas últimas competições. O time já está preparado, mas falta acreditar que pode ganhar. Sofrer um gol no início do jogo pode desestabilizar as atletas emocionalmente — avaliou Mendonça.