As centenas de gremistas que ocuparam o Anfiteatro Pôr do Sol na ensolarada tarde de sábado (22) para assistir à última partida do Brasil na fase de grupos da Copa América, contra o Peru, comemoraram com empolgação o terceiro gol da Seleção, marcado por Everton – mas o sentimento confundiu-se com certa apreensão nos minutos seguintes.
Os gritos de "vamos, Cebolinha", os mais altos durante toda a partida, eram entrecortados por uma constatação generalizada.
– Se continuar deste jeito, ele nem volta – dizia, com sorriso (de certa forma, amarelo) no rosto, camiseta do Grêmio no peito e bandeira do Brasil nas mãos, o técnico de logística Aldernei da Costa, 28 anos, antes de despejar elogios sobre o atacante gremista:
– Ele está voando. Já passou da hora de virar titular deste time. Para nós, gremistas, é bom e ruim ao mesmo tempo.
Se as camisetas tricolores dividiam protagonismo com os uniformes colorados, as amarelinhas ladeavam, em quase mesmo número, as camisas do Uruguai (que empatou com o Japão na Arena na quinta-feira), da Argentina (que enfrenta o Catar neste domingo na casa gremista) e do Peru. Um grupo de quatro peruanos foi celebrado pelo mestre de cerimônias do evento quando chegou e mostrou empolgação antes de a partida começar.
– Vai ser 1 a 0, gol do Guerrero. Moramos aqui há quatro anos e, desde que ele veio jogar aqui, me tornei colorado, passei a ir no Beira-Rio e comprei camiseta do Inter – confessou o peruano Kleiber Ttito, mestre em Ciências da Computação pela UFRGS, cercado pelos três conterrâneos, tão empolgados quanto o amigo.
Em meio a Neymares e Guerreros, um nome estampado atrás de uma camiseta personalizada da Seleção Brasileira chamava a atenção na Fan Fest: Leônidas. A homenagem não era ao craque da década de 1930, o Diamante Negro. Pelo menos não diretamente. Ana Paula Liberalesso, catarinense de 27 anos, homenageava era o namorado, Leônidas Clodoaldo, batizado em homenagem a dois craques: o atacante carioca e o volante do Tri, na Copa de 1970.
Para o mineiro Leônidas, que mudou-se recentemente para Pelotas para estudar, o clima morno no Anfiteatro Pôr do Sol – a maior concentração de pessoas era nos ambientes de sombra, com poucas filas nas bancas de cerveja – era consequência de um mau momento do time. Fardado com uma camiseta do Paris Saint-Germain, o torcedor lamentou a ausência de Neymar:
– Acho que falta um jogador diferenciado. Fui em alguns jogos da Copa de 2014 e o clima mudou muito. Depois do 7 a 1, a empolgação da torcida diminuiu demais.