Danilo Garcia de Andrade, advogado da modelo Najila Trindade Mendes de Souza, que acusa Neymar de agressão e estupro, disse que sua cliente vai apresentar um vídeo de sete minutos à polícia. Mas isso não deverá acontecer nesta quinta-feira (6), quando ela deverá depor na 6ª delegacia de defesa da mulher em São Paulo.
— Provavelmente vamos entregar na semana que vem. O vídeo tem sete minutos, mas só consegui ver um minuto até agora. Não tive tempo de analisar todo o vídeo — disse.
Nesta quarta (5), Najila disse que Neymar a agrediu com tapas e a forçou ao ato sexual mesmo depois de ela dizer para parar. As declarações foram dadas em entrevista ao SBT. Najila também disse que não desejava o sexo naquele momento porque nenhum dos dois tinha preservativo.
Segundo o advogado, o vídeo foi gravado no segundo dia em que ele estava na França, após o suposto crime cometido pelo jogador da seleção brasileira.
— Ela queria provar através do vídeo que tinha sofrido agressões, que houve relacionamento sexual sem preservativo e não consensual — completou.
Questionado para o motivo da demora para que registrasse o Boletim de Ocorrência, Andrade disse que sua cliente teria sofrido ameaças de pessoas ligadas a Neymar. O estupro teria acontecido em 15 de maio. A denúncia na delegacia foi feita 16 dias depois.
Danilo Garcia de Andrade afirma que Najila perdeu muito peso, "chora compulsivamente e vive a base de remédios."
O caso veio a público no último sábado (1º) e, mais tarde neste mesmo dia, o jogador se pronunciou por meio de um vídeo publicado em seu Instagram. Na postagem, posteriormente retirada do ar pela rede social, o camisa 10 da seleção brasileira se defende da acusação e expõe as conversas com a suposta vítima, exibindo também imagens da mulher nua e seminua - com o rosto e partes íntimas borradas.
A Polícia Civil foi até a Granja Comary no domingo (2) buscar explicações do atleta por ter, no vídeo, exposto imagens íntimas da mulher. O jogador ainda não havia voltado de um período de folga, concedido a todo o elenco, e não foi ouvido pelos policiais. Na entrevista coletiva no centro de treinamento da seleção, Neymar foi defendido pelos colegas.
O jogador havia sido intimado a depor na próxima sexta-feira (7), mas a polícia aceitou pedido para que o depoimento fosse adiado. Uma nova data deve ser proposta pela defesa de Neymar, conforme a disponibilidade de sua agenda, já que o atleta está integrado ao elenco da seleção brasileira para a disputa de amistosos e da Copa América.
Em entrevista à Band, o pai do jogador disse preferir que seu filho tenha cometido um crime de internet a um crime de estupro. Na entrevista coletiva, o técnico Tite se disse incapaz de julgar seu comandado.
A acusação gera tensão também entre os patrocinadores de Neymar. A Nike, por exemplo, já demonstrou preocupação, assim como a Mastercard. Ele também estampa, por exemplo, a capa do videogame Fifa, ocupando o lugar que antes era de Cristiano Ronaldo, retirado pela produtora do jogo após o português ser acusado de ter estuprado uma mulher em Las Vegas.
O vice-presidente da CBF, Francisco Noveletto, chegou a dizer que, se fosse o atleta, pediria dispensa da seleção para cuidar de sua defesa. Depois, explicou que foi apenas uma opinião infundada e que ele não falou em nome da CBF.
Quais os cuidados que tomamos para sermos justos nesta cobertura?
Como se trata de um caso que está em investigação pela polícia, tomamos precauções para evitar julgamentos prévios - a primeira delas é divulgar as versões das duas partes. Durante a sequência de conteúdos publicados, foram tratados tanto a versão da suposta vítima e sua alegação de crime, quanto a defesa de Neymar em entrevistas e nas redes sociais, além de declarações de advogados envolvidos. Enquanto não houver conclusões sobre o que aconteceu e se foi um crime, o estupro é tratado como uma suspeita por GaúchaZH, bem como a participação dos envolvidos no episódio. A identidade da mulher que diz ter sido estuprada só foi divulgada depois que ela própria se apresentou publicamente. Antes disso, a informação não estava disponível, e, mesmo que estivesse, não a teríamos revelado, por se tratar de uma suposta vítima de crime sexual. Entre os colunistas de GaúchaZH, há pontos de vista individuais e nem sempre convergentes, o que é normal por se tratarem de profissionais de opinião. David Coimbra escreve sobre o comportamento de Neymar, Cláudia Tajes analisa a percepção da imagem pública sobre a mulher e os analistas esportivos debatem questões ligadas à Seleção Brasileira e ao atleta.