A vitória de Italo Ferreira em Gold Coast, na Austrália, no último domingo, reafirmou a supremacia brasileira no surfe mundial. E os números não deixam mentir. Nas últimas 56 etapas do Circuito, o Brasil venceu 25 delas, contando o triunfo do final de semana em território australiano. É praticamente uma vitória a cada duas etapas. Essas marcas crescem desde o primeiro título mundial de Gabriel Medina, em 2014.
No ano do primeiro troféu brasileiro, o país conquistou três etapas, todas elas com Medina. Já no título de Adriano de Souza, em 2015, foram três surfistas que venceram: Filipe Toledo, Medina e o próprio Mineirinho. Foram duas conquistas consecutivas, o que já mostrava a força da Brazilian Storm – tempestade brasileira, em inglês –, apelido pelo qual os surfistas do país são chamados no CT. Apesar de ficar sem o troféu nos dois anos seguintes, o Brasil seguiu levando etapas e alcançando bons números.
Em 2016, apenas Gabriel Medina venceu em Fiji. Em 2017, Gabriel Medina, Filipe Toledo e Adriano de Souza repetiram o triplete em cinco das 11 etapas. Mas se teve um ano em que o Brasil mostrou realmente sua força foi o de 2018.
Ao todo, foram nove vitórias verde e amarela contra duas de Julian Wilson, da Austrália.
O Circuito Mundial de Surfe virou praticamente uma disputa brasileira pelo troféu – Medina e Filipinho chegaram em Pipeline, na etapa derradeira da temporada, com chances de conquista. Além dos dois, Italo Ferreira e Willian Cardoso venceram etapas em 2018.
- 2014 - Três vitórias com um surfista (Gabriel Medina)
- 2015 - Seis vitórias com três surfistas (Filipe Toledo, Gabriel Medina e Adriano de Souza)
- 2016 - Uma vitória com um surfista (Gabriel Medina)
- 2017 - Cinco vitórias com três surfistas (Gabriel Medina, Filipe Toledo e Adriano de Souza)
- 2018 - Nove vitórias com quatro surfistas (Gabriel Medina, Filipe Toledo, Ítalo Ferreira e Willian Cardoso)
- 2019 - Uma vitória com um surfista em uma etapa. (Ítalo Ferreira)
“Maturidade no surfe”
Para Tiago Brant, especialista em surfe dos canais ESPN, o predomínio brasileiro se deve por alguns motivos:
— Desde a conquista de 2014, o Brasil atingiu maturidade no esporte. Os atletas entenderam que o surfe era uma oportunidade de carreira. Alguns deles também são filhos de ex-surfistas profissionais, já estão inseridos na realidade e na atmosfera da modalidade —afirma.
O primeiro título, aliás, é um marco para o esporte no país. E, mais uma vez, os números corroboram para isso. Desde a vitória do carioca Pepê Lopes em 1976 até 2013, eram 21 vitórias brasileiras no CT, incluindo duas conquistas de Gabriel Medina e quatro de Adriano de Souza. A partir do caneco de Medina, o total dobrou e chegou a 46. Consolidando a Brazilian Storm como, até então, a geração com os melhores resultados do surfe brasileiro. Para Edinho Leite, ex-surfista profissional e integrante do canal do Youtube Série ao Fundo, o Brasil aprendeu a conviver com o surfe:
— São vários fatores, na verdade, que remontam a muito antes de 2014. Foi todo um trabalho de base feito com essa garotada que se tornou profissional. O Brasil desenvolveu uma cultura de surfe, no sentido de competição e também de aceitação como esporte pela sociedade. O surfista ganhou um certo status.