Tóquio está em contagem regressiva para o início de mais uma Olimpíada no Japão. Faltam 500 dias. Ou 71 semanas. Ou cerca de 12 mil horas. As unidades de tempo podem variar, mas para o esporte brasileiro a percepção é apenas uma: os Jogos de Tóquio 2020 já se iniciaram.
Com a proximidade da competição, algumas novidades podem causar estranheza para o torcedor. No entanto, a falta de informação não significa resultados inexpressivos ao Time Brasil. Pelo contrário. Sete modalidades foram incluídas no calendário olímpico de Tóquio: basquete 3x3, beisebol (softbol, no feminino), caratê, ciclismo BMX freestyle, escalada, skate e surfe. Esportes com um nível de popularidade baixo no Brasil, mas com elevada esperança de pódio ao país.
Em dois deles, o país é considerado potência mundial, porém, nenhum dos atleta ainda está garantido no evento.
A inserção dos novos esportes é também uma ótima notícia para as mulheres da delegação brasileira. Com caratê, surfe e skate, as atletas têm tudo para quebrar o recorde de medalhas femininas do país em uma edição dos Jogos. Na história do Brasil, a Olimpíada com mais pódios delas foi nos Jogos de Pequim 2008, com dois ouros, uma prata e quatro bronzes — sete medalhas, no total.
Além das novidades, o Brasil também está bem encaminhado em modalidades que já fazem parte dos Jogos, casos de vôlei, atletismo, maratona aquática, vôlei de praia, boxe, judô e vela, além de esportes em que elas jamais foram ao pódio, como ciclismo, ginástica e levantamento de peso.
— Em 2018, em termos de resultados, o Brasil manteve uma performance muito próxima ao seu patamar de conquistas em campeonatos mundiais. Não fomos tão bem nos esportes que temos maior consistência. Mas há crescimento em modalidades que estão mudando de patamar, como, por exemplo, o levantamento de peso e o ciclismo, que chegaram a um quarto lugar em seus Mundiais. Sem falar das novas modalidades do programa olímpico, nas quais tivemos medalhistas nos mundiais do ano passado, que nos dão uma perspectiva positiva para Tóquio — analisou o diretor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Jorge Bichara.
No skate, o país terá duas grandes chances de pódio no street, com Leticia Bufoni e Pâmela Rosa. No caratê, Valéria Kumizaki foi vice-campeã mundial em 2017. No ciclismo BMX freestyle, Eduarda Penso foi quarto lugar no mundial juvenil. E, no surfe, além de Silvana Lima, o Brasil contará com a gaúcha Tatiana Weston-Webb, que nasceu em Porto Alegre, mas foi criada no Havaí.
— Não tem como não pensar no Jogos, né? Primeira vez do surfe na Olimpíada, iria ser um orgulho estar lá, mas primeiro tenho que me classificar. Acho que é o sonho de todo atleta representar seu país. E se eu puder levar uma bandana ou algo que me lembre do RS, onde eu nasci, melhor ainda — revelou a surfista de 22 anos.
Confira as estreias em Tóquio 2020
BMX FREESTYLE
Local de disputa: Ariake Urban Sports Park
Vagas: 18 (nove homens e nove mulheres)
Critério de classificação: 12 vagas serão para os primeiros do ranking mundial. Outras quatro para os melhores colocados no Mundial. O Japão tem lugar garantido no masculino e no feminino. Cada país pode classificar, no máximo, dois atletas.
Aposta do Brasil: a paranaense Eduarda Penso.
SKATE
Categorias: street e park
Local: Ariake Urban Sports Park
Vagas: 80 (40 homens e 40 mulheres)
Critérios de classificação: tanto no park quanto no street, os três melhores ranqueados estarão automaticamente qualificados. Outros 16 atletas serão classificados através do ranking olímpico e, em cada evento, um atleta do país-sede com a melhor colocação no ranking estará nos Jogos de Tóquio. Cada país terá um limite de três atletas por categoria.
Apostas do Brasil: Luan Oliveira, Kevin Hoefler, Leticia Bufoni e Pâmela Rosa no street. Pedro Barros no park.
BASQUETE 3x3
Local: Aomi Urban Sports Park
Vagas: 16 países (oito no masculino e oito no feminino)
Critérios de classificação: os quatro melhores países ranqueados no dia 1º de novembro de 2019 estarão na Olimpíada. O Japão, país-sede, pode ganhar uma vaga direta. Caso isso aconteça, serão três países os qualificados pelo ranking da entidade. Outros quatro vão se classificar através de dois pré-olímpicos que serão disputados em 2020.
Como está o Brasil: no masculino, é 13º colocado. No feminino, é 18º. Os dois times têm chances de classificação.
SURFE
Local: praia de Tsurigasaki, em Chiba, a 60 quilômetros de Tóquio
Vagas: 40 (20 homens e 20 mulheres)
Critérios de classificação: o ranking do Circuito Mundial de 2019 será o primeiro critério de classificação. Os 10 melhores no masculino e as oito primeiras no feminino garantem vaga. A segunda oportunidade será na Copa do Mundo 2019 e 2020, onde serão classificados quatros homens e seis mulheres. Na terceira chance, as vagas serão regionalizadas nos continentes. Cada país terá um limite de dois atletas por gênero.
Aposta do Brasil: Gabriel Medina e Filipe Toledo, no masculino; Tatiana Weston-Webb (foto) e Silvana Lima, no feminino.
CARATÊ
Local: Arena Nippon Budokan
Categorias: kata e kumite
Vagas: 80 (40 homens e 40 mulheres)
Critérios de classificação: Os quatro melhores atletas do mundo para cada categoria terão automaticamente uma vaga na disputa. No caso das categorias que foram combinadas, serão dois de cada peso. Já no torneio de qualificação olímpica os três primeiros colocados conquistarão vagas. Por fim, 12 atletas adicionais serão distribuídos entre as categorias. O Japão tem vaga em todos os pesos.
Apostas do Brasil: Douglas Brose e Vinicius Figueira, no masculino; Valéria Kumizaki, no feminino.
ESCALADA
Local: Aomi Urban Sports Park
Categorias: velocidade, dificuldade (lead) e bloco (boulder)
Vagas: 40 (20 homens e 20 mulheres)
Critérios de classificação: as primeiras seis vagas serão dos melhores no Mundial. Outra será do campeão da Copa do Mundo. Mais seis serão distribuídas em um pré-olímpico. Haverá cinco vagas para os campeões continentais de 2020. O Japão, país-sede, está garantido com uma vaga em cada gênero. O último lugar será de um país convidado. Cada nação terá um limite de dois atletas por gênero.
Apostas do Brasil: Cesar Grosso, 32º no ranking mundial e Thais Makino, 24ª na lista.
BEISEBOL
Local: Estádio de Yokohama e Estádio Fukushima Azuma
Vagas: seis países
Critérios de classificação: por ser país-sede, o Japão já está classificado para a competição. Duas vagas serão reservadas para os representantes das Américas e de Ásia/Oceania. Outra para o campeão do pré-olímpico África/Europa. E uma para o campeão do pré-olímpico das Américas. A última vaga será do campeão de um torneio com seis seleções, em Taiwan.
Como está o Brasil: o país tem poucas chances de classificação porque tem resultados inexpressivos na categoria.
SOFTBOL
Local: Estádio de Yokohama e Estádio Fukushima Azuma
Vagas: seis países
Critérios de classificação: o Japão, país-sede, e os Estados Unidos, campeão do mundo em 2018, já estão na competição. Duas vagas serão distribuídas através de pré-olímpicos disputados entre os continentes de África x Europa e Ásia x Oceania, e outras duas de um pré-olímpico entre as Américas.
Como está o Brasil: o país tem poucas chances de classificação porque tem resultados inexpressivos na categoria.