Daniel Cargnin e Rafael Macedo já estariam com as malas fechadas rumo a Tóquio caso a Olimpíada tivesse início nos próximos dias. A 14 meses dos Jogos de 2020, os dois jovens judocas da Sogipa estão consolidados entre os melhores do mundo e teriam assegurada a vaga na equipe brasileira.
Os 18 judocas mais bem classificados em cada categoria disputarão os Jogos – mas cada país só poderá ter um representante por faixa de peso. Discípulo do bicampeão mundial João Derly no estilo e também no peso leve (até 66kg), Cargnin é o atual 7º colocado do ranking da Federação Internacional de Judô (IJF). À sua frente, estão dois japoneses e dois israelenses. Atrás do gaúcho, há dois cazaques, dois mongóis e dois russos na lista dos 18 melhores do mundo. Seu concorrente doméstico mais próximo, Charles Chibana, é apenas o 21º colocado. Ou seja, em termos de classificação olímpica, por enquanto a situação de Cargnin é para lá de cômoda.
Já Macedo ocupa a 18ª posição do ranking e está perto do limite de vagas do peso médio (-90kg). Como os dois judocas imediatamente a sua frente são georgianos, poderia até perder um posição que mesmo assim garantiria um lugar na delegação brasileira. Para melhorar, a ameaça interna não assusta: Eduardo Bettoni está na distante 72ª colocação no quadro da IJF.
Critérios de classificação olímpica à parte, a dupla está confiante em seguir a mesma trilha de Derly, Tiago Camilo, Mayra Aguiar e Felipe Kitadai, outros judocas sogipanos que subiram no pódio dos Jogos. Curiosamente, os judocas responderam da mesma maneira à pergunta da reportagem sobre o balanço de 2018:
— Não foi um ano ruim, mas poderia ter sido melhor — disseram Cargnin e Macedo em entrevistas concedidas em diferentes momentos a GZH.
Cargnin foi o brasileiro que obteve o melhor desempenho da seleção masculina no Mundial de Baku, em setembro. O quinto lugar no Azerbaijão trouxe ensinamentos ao atleta de 21 anos.
— Perdi no detalhes para um israelense (Tal Flicker) nas quartas de final. Depois, o venci no World Masters (em Guangzhou, na China). Na disputa pelo bronze, perdi a luta (contra o sul-coreano Baul An) no detalhe. Aprendi bastante e posso melhorar. Estou otimista (em conquistar a vaga). A Olimpíada vai ser consequência dos bons resultados — projeta Cargnin, que na última quinta-feira (21) extraiu os quatros dentes sisos.
Já Macedo começou 2018 com o ouro no Grand Prix de Tbilisi, na Geórgia. Depois, no Mundial, sentiu o gosto amargo da eliminação logo na primeira luta. Em meio a um temporada de altos e baixos nos tatames, o paulista de 24 anos deu um passo importante na vida pessoal ao casar-se com Manoella Costa, também judoca do clube de Porto Alegre.
Em 2019, o peso médio estipulou como meta alcançar o top 10 do ranking. Para subir na lista e aproximar-se de vez de Tóquio, a ideia é deixar a frustração de Baku para trás e fazer bonito no Mundial deste ano, que será organizado justamente na cidade-sede da Olimpíada, de 25 a 31 de agosto.
— Quero ganhar o título neste ano. Já fui campeão mundial júnior. É como bater o martelo — afirma Macedo, que no último fim de semana conquistou o bronze no Grand Slam de Ecaterimburgo, na Rússia.