Para Jaqueline Weber e Saymon Hoffmann, nos últimos 12 meses Tóquio ficou ainda mais longe do que os mais de 18 mil quilômetros de distância para Porto Alegre sugerem. Em 2018, os dois representantes da nova geração do atletismo gaúcho enfrentaram obstáculos variados na busca pelo sonho olímpico.
Nascida em Teutônia e radicada em Santa Cruz do Sul, a meio-fundista de 23 anos lamenta não ter conseguido evolução nos 800m a ponto de alimentar a esperança pela vaga nos Jogos de 2020. Sua melhor marca na prova, na última temporada, foi de 2min6s14, apenas 97 centésimos superior ao registrado em 2017. Para piorar, o índice estabelecido na última semana pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) para a Olimpíada japonesa é mais difícil do que o tempo mínimo exigido no qualificatório ao Rio: em vez de 2m1s em 2016, agora as atletas terão de completar a prova em até 1m59s50.
— O novo índice desanimou — admite Jaqueline.
A atleta ainda tem esperança de conseguir a classificação por outra via: o ranking de pontuação, que leva em conta o desempenho ao longo das competições. O problema de Jaqueline, nesse caso, é conseguir convites para participar dos principais eventos do calendário do atletismo. Nesse momento, ela brinca que a missão dela até mudou de nome de cidade: em vez de Tóquio, Lima (a capital peruana que sediará, em julho, os Jogos Pan-Americanos). Para conseguir uma vaga na delegação brasileira, ela conta agora com o apoio de três novos patrocinadores.
Se nas pistas os resultados não empolgaram, fora delas Jaqueline comemora um marco em sua vida: a graduação em Educação Física na Universidade de Santa Cruz do Sul, com direito a nota 10 no trabalho de conclusão, que abordou os efeitos da altitude nos treinos de atletas de alto rendimento.
— Foi uma das grandes conquistas que o esporte me proporcionou — diz Jaqueline, que estudou na Unisc com bolsa de atleta.
Já Saymon, atleta de apenas 19 anos da Sogipa, teve atrasada a evolução no arremesso de peso e no lançamento de disco por um problema de saúde que levou quase seis meses para ser diagnosticado e tratado. No primeiro semestre do ano passado, a promessa das provas de campo do atletismo começou a sentir tontura e mal-estar a cada arremesso que fazia no estádio do clube.
— Cheguei a desmaiar dentro de um ônibus, quando voltava para casa — conta Saymon.
Seu técnico, Gerimar Fernandes, foi forçado a diminuir o ritmo e a intensidade dos treinos. Assim, o garoto não conseguiu se qualificar para o Mundial Sub-20 de atletismo, disputado em Tampere, na Finlândia, seu principal objetivo em 2018.
Depois de uma bateria de exames e consultas, os médicos constataram que Saymon não se alimentava adequadamente, especialmente para os padrões de um atleta de 2m2cm de altura. Mesmo com refeições balanceadas oferecidas pela Sogipa, acabava optando por lanches e refrigerantes. Agora, aprendeu a lição.
Além de comidas mais saudáveis, também está buscando reforço com suplementos alimentares.
— Não consegui evoluir conforme o esperado. A Olimpíada de 2020 ficou uma meta bem alta, quase impossível. Para 2024 (em Paris), acho que vai dar — projeta.