Falta um mês para o início do Brasileirão e as 20 equipes da Série A estão com seus elencos praticamente definidos, apesar de os presidentes de Grêmio e Inter ainda afirmarem que estão abertos a bons negócios de mercado. Mesmo assim, já se pode ter uma ideia do que cada time tem a oferecer em campo.
Um dos fatores mais importantes para tornar uma equipe competitiva é chamada "intensidade defensiva". Ou seja, quando o adversário está com a bola, o time ser intenso e incisivo para recuperar a posse de volta o antes possível. E esta intensidade pode ser medida em números.
Para isso, vou utilizar a métrica chamada de PPDA (Passes allowed per defensive action). Em português, passes permitidos por ações defensivas. O PPDA mede a intensidade das equipes com uma fórmula que junta algumas ações defensivas a partir do momento em que se perde a bola e o adversário tem a posse. Até recuperar de volta.
Neste índice, quanto menor o valor, mais intenso defensivamente é a equipe. E times que são intensos defensivamente tendem a ser mais competitivos. No final de 2018, cruzando o PPDA com a média de passes do adversário para sofrer um gol, fiz a comparação dos times a seis rodadas para o término Brasileirão. E surpresa: o Palmeiras de Felipão, que mais tarde confirmou o título, era o time mais competitivo mesmo.
Sampaolismo
O índice aponta o Santos de Sampaoli como o time mais intenso defensivamente entre os 20 da Série A, tendo 1.38 pontos no PPDA. Surpreende o segundo colocado, o Goiás de Barbieri, com 1.44 pontos. Bahia, Grêmio, CSA e Fluminense têm números similares e aparecem logo em seguida.
Depois, vemos os times agrupados em torno de valores aproximados – alguns até idênticos. Caso do Athletico-PR e do Flamengo, ambos com 1.69 pontos, e de Inter e Avaí, empatados com 1.8 pontos no PPDA.
Solidez defensiva é a chave
Ao cruzar o PPDA com a média de passes do adversário para sofrer um gol, podemos dividir os times em quatro grupos: os protegidos com intensidade, protegidos sem intensidade, vulneráveis com intensidade e vulneráveis sem intensidade. E estar no primeiro grupo é o que torna um time mais competitivo.
Por isso, o Grêmio de Renato Portaluppi termina sendo o time mais difícil para os adversários marcarem um gol. Junto com o Tricolor, destaque para o Goiás, o Athletico-PR (apenas 4 partidas do time principal) e o CSA. Cruzeiro e o Palmeiras estão no grupo dos protegidos, mas sem intensidade.
E como o Santos tem uma média de 0.8 gol sofrido por jogo e os adversários precisam passar menos a bola para marcar um gol, não adianta ser o time mais intenso defensivamente do Brasil e continuar vulnerável. Por isso, o Santos ainda não é um time tão competitivo.
No grupo dos vulneráveis sem intensidade estão os times que precisam abrir os olhos para o Brasileirão e evoluir para não brigarem contra o rebaixamento. São eles o Fortaleza, o Vasco, o Atlético-MG, o Avaí e o Corinthians de Fábio Carille, um treinador que se destacou por construir bons sistemas defensivos.
Diagnóstico final
Todas as equipes ainda têm muito a evoluir. Com a diferença de torneios disputados (estaduais, regionais, Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores), fica mais difícil ser preciso no diagnóstico. Os índices nos mostram um caminho, e nele o Santos é um time intenso defensivamente, mas ainda vulnerável.
O Grêmio começa o ano como o time mais competitivo defensivamente do Brasil e deve em 2019 disputar os títulos dos campeonatos que jogar. A direção provavelmente dará prioridade à Libertadores e à Copa do Brasil, o que torna o Brasileirão aberto aquele que conseguir manter a competitividade. E você vai acompanhar todos os índices aqui no Esquemão, em GaúchaZH.
Os números usados para montar os índices são da InStat, plataforma de dados de futebol.