Teremos no próximo domingo a versão de mais um dérbi de Caxias do Sul, consagrado como o maior clássico do interior do Rio Grande do Sul. Historicamente, o Ca-Ju foi distinguido durante 45 longos anos com a sigla Fla-Ju, uma vez que, em sua origem, o atual Caxias se denominava Flamengo. Então, desde a fundação do clube grená, a partir de 1935 — o Juventude é de 1913 —, começaram os nossos acirrados clássicos citadinos. Muitas vezes saudáveis. Outras, nem tanto...
No cômputo geral, totalizando Fla-Jus e Ca-Jus, completam-se 84 anos de disputas, sempre com os ânimos das duas fanáticas torcidas em ebulição. Não há quem fique indiferente à semana que antecede ao encontro. A população se agita e ferve, familiares em sítios opostos evitam trocar uma só palavra. E, depois, a emoção e a vibração dentro de campo. Particularmente, desde menino, presenciei grandes jogos, quer ganhando ou perdendo, o que faz parte do futebol sadio e isento de radicalismos. Vida que segue — é o que, mais uma vez, espera-se que seja.
Tal rivalidade adquire contornos tão dramáticos e contraditórios que, até nas estatísticas, não há concordância. Eis que, até poucos anos atrás, sempre se seguiram as diretrizes do saudoso radialista Dante Andreis. Eram plenamente aceitas sem a menor contestação. Recentemente, houve a proposição de mudanças de critérios, com os quais o Juventude não compactua de maneira nenhuma. Não se deseja polemizar, muito menos criar um ambiente hostil, longe de ser o caso. Apenas fazer justiça aos participantes de clássicos emblemáticos, os quais foram sumariamente extirpados da "contabilidade" e relegados a um capítulo à margem, completamente ignorado. Ali jazem nada menos do que 32 cotejos.
Excluíram-se, por exemplos, partidas de cunho oficial e determinadas pelo antigo Conselho Nacional de Desportos. Outras, como o placar de 4 a 1 a favor do Juventude, sob a alegação de menor duração de tempo jogado. Esqueceram que as grandes guerras se constroem com as pequenas batalhas? Por outro lado, admitem-se jogos das "Copinhas" travados com equipes reservas ou mesmo de juniores contra profissionais. Um absurdo.
O que o Juventude utiliza como estatística é exatamente o que a mídia faz, descartando os jogos pelo chamado Torneio Início e os das "copinhas". Nós respeitamos a nossa tradição e os nossos heróis. Em caso de dúvida ou de contestação, basta verificar que a dupla Gre-Nal desconhece esse tipo de partida, o que me parece certíssimo. Sendo assim, para o Juventude, são 288 clássicos, com nossas 101 vitórias, 88 do Caxias e 99 empates. Em nome do consenso e do bom senso.