Desde o fim da tarde do último domingo, um vídeo viralizou entre os amantes do futebol, em especial do interior do Rio Grande do Sul. A peça filmada por um torcedor apresenta uma cena comum no mundo da bola. Ônibus cercado por torcedores cantando, acendendo sinalizadores, armando uma grande festa em um corredor polonês para a passagem de atletas e comissão técnica. Normalmente os jogadores passam e dão sorrisos, acenam discretamente, sempre concentrados no desafio que vem a seguir. Nesse vídeo, a situação se repetiu com os jogadores, mas não com Badico.
Jogador do clube em 1992, o técnico surge no meio da massa pulando e cantando, abraçado nos torcedores. Uma cena rara hoje em dia, que serviu para aumentar o tom da festa no início da Divisão de Acesso.
Quando jogador, Badico colecionou gols e algumas histórias curiosas, como no Bra-Pel em que marcou um gol pelo Pelotas e na comemoração provocou a torcida do Brasil-Pel, clube no qual jogou alguns anos antes e era adorado. Sua moral não diminuiu no Xavante, para onde voltou anos depois e seguiu fazendo seus gols. Afinal de contas, o sanguíneo Badico é figura conhecida e respeitada no interior gaúcho.
Voltando ao vídeo de domingo, trata-se de uma cena que nos faz pensar: "E se um dia vier um título, o que fará Badico?". A resposta pode estar no Ceará. O gaúcho Lisca, mais conhecido por Lisca Doido, chegou ao Castelão em cima do ônibus da delegação, logo após salvar o time de um iminente rebaixamento. Lisca comemora com a torcida em todos os jogos, ganhou música e status de ídolo no Nordeste.
Não sei se Badico conhece Lisca, mas isso é bem provável pois o "Doido" dirigiu diversas equipes no interior, inclusive o extinto Porto Alegre FC com êxito na Divisão de Acesso 2009. Também não sei se Badico e Lisca fazem marketing, como muitos afirmam, mas uma coisa é certa: jogadores e os torcedores se contagiam com esse tipo de ação. A propósito, assista o vídeo de domingo e me corrija se estiver enganado.
As missões de ambos até que tem alguma semelhança. Lisca assumiu o Ceará, que tinha três pontos em 27 disputados. Badico assumiu o São Paulo-RG financeiramente debilitado, sem poder de investimento e rebaixado para a segunda divisão gaúcha com uma campanha vexatória em 2018. Montou junto à direção um elenco jovem, que tem média de 23 anos, com folha salarial beirando R$ 40 mil e ciente de que o clube tem uma torcida apaixonada, que cobra na mesma proporção que apoia.
A estreia dentro de campo não foi das melhores, um empate sem gols contra o Lajeadense, mas no final veio o reconhecimento com aplausos para todos os jogadores e comissão técnica. Ninguém queria guerra com quem chegou ao estádio cantando "Vamos, meu Leão".
Por último, não sei se Badico chegaria ao Aldo Dapuzzo em cima do ônibus da delegação, mas dele não duvido nada! O duro caminho da Divisão de Acesso deve trazer essa resposta.