Qualquer fã de futebol que se preze já ouviu falar em Gordon Banks. Por isso, não é preciso tê-lo visto em campo para lamentar a sua morte. Também não é preciso ser inglês para ter noção de sua importância para o esporte. Seu nome merece um capítulo à parte na história do futebol. O que não se pode é resumir o ex-goleiro à defesa protagonizada na fase de grupos da Copa do Mundo de 1970, quando evitou um gol de cabeça de Pelé, no duelo entre Brasil e Inglaterra. Estamos falando sobre o campeão do mundo de 1966, que foi eleito pela Fifa como o melhor de sua posição em seis temporadas seguidas — de 1966 a 1971.
Claro que a "defesa do século" não pode ser minimizada, mas lembrar apenas dela diante da carreira vitoriosa de Banks chega a ser uma injustiça. Seria como lembrar de Marcelo Grohe, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores pelo Grêmio, somente pela defesa do chute de Ariel Nahuelpán, contra o Barcelona de Guayaquil. Ou então dizer que Taffarel, campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994, é o goleiro que defendeu os pênaltis de Cocu e Ronald de Boer. Ok, nenhum destes jogadores citados amarra a chuteira de Pelé, assim como Banks é muito maior do que um simples jogo de fase de grupos.
Gordon Banks jogou no Leicester City antes dos milhões tailandeses que trouxeram o título nacional em 2016. Com o goleiro embaixo das traves, o clube foi campeão da Copa da Liga Inglesa em 1964 — um período em que só obtinha títulos da segunda divisão. Depois, repetiu o feito à frente do Stoke City, em 1972.
Curiosamente, nunca atuou por grandes clubes do Reino Unido e, aos 35 anos, sofreu um grave acidente de carro que lhe fez perder a visão de um olho e praticamente encerrar a carreira. Ainda atuou nos Estados Unidos antes de, oficialmente, pendurar as chuteiras. Mas seu nome já estava na história. Se Barthez é lembrado como o goleiro da França em 1998, Casillas, o da Espanha em 2010, por que Banks não é o campeão mundial de 1966 com a Inglaterra? Se for para citar Pelé, que se diga: para os ingleses, Banks foi o Pelé dos goleiros.
