Uma tragédia ocorrida em 2012 nas categorias de base do Vasco ainda está sem solução. A família de Wendel Junior Venâncio da Silva, que morreu enquanto fazia testes para a equipe do Rio de Janeiro, ainda não recebeu indenização. O garoto de 14 anos se sentiu mal durante as atividades no centro de treinamento em Itaguaí, à época alugado pelo clube de São Januário. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas já chegou ao local sem vida. As informações são do site GloboEsporte.com.
Sete anos se passaram, e o processo na Justiça está praticamente parado. Não houve julgamento e não há qualquer perspectiva de indenização à família do jovem, natural de São João Nepomuceno (MG). O advogado da família, Michel Alves, espera uma evolução para o caso, que teve a última movimentação processual no mês de outubro do ano passado.
— Vai haver perícia indireta. A perita vai analisar as provas colhidas. Se a falta de unidade de socorro próxima ao CT, a falta de equipamentos, essas coisas, contribuíram para a morte de Wendel. A tese de defesa do Vasco é que Wendel já tinha problema de saúde — declarou o advogado Michel Alves.
Wendel treinava em uma escolinha da cidade natal comandada por Marco Aurélio Ayupe, ex-lateral do Vasco. Foi ele quem indicou o garoto para que fizesse testes para a categoria infantil do Vasco. Na segunda atividade, na manhã do dia 9 de fevereiro, a fatalidade ocorreu. O laudo de necropsia apontou morte súbita por problemas cardíacos e bronquite crônica.
O Vasco foi denunciado cível e criminalmente. O inquérito policial não viu responsabilidade criminal do Vasco nem do médico Jerônimo Moura, que liberou Wendel para a prática de esportes, e o caso foi arquivado em janeiro de 2013. Na outra esfera, em outubro do ano passado, o juiz Adolfo Vladimir Silva da Rocha, da 1ª Vara Cível da Comarca de Itaguaí, decidiu pela remuneração de R$ 4.770 à perita Nadja Fragoso Albino, conforme trecho do despacho:
"Tendo em vista o silêncio das partes, apesar de devidamente intimadas, homologo os honorários pretendidos pela Perita do Juízo em (R$4.770,00 — quatro mil setecentos e setenta reais), por entender ser o mesmo justo, adequado e compatível com o trabalho a ser desempenhado. Intime-se a Perita para dar início aos trabalhos", diz o texto.
Os advogados da família de Wendel pediam aproximadamente R$ 1 milhão de indenização em 2013. O cálculo foi baseado nos danos materiais sobre a renda futura que o garoto poderia gerar até os 65 anos, considerando que mais de 90% dos jogadores de futebol no Brasil recebem uma média de dois salários mínimos por mês. Além disso, a conta também considera danos morais. Os dois pedidos somados batem na casa dos de R$ 930 mil.
Os pais de Wendel, Carlos e Rita, ainda vivem em São João Nepomuceno e têm outros dois filhos. O advogado da família espera que uma audiência de instrução seja marcada após a análise da perícia. Depois disso, deve ocorrer a coleta de depoimentos de testemunhas antes da sentença do caso.
— Qualquer valor de referência que pusemos lá atrás já perdeu o valor. A família sabe que não é algo que vai trazer o menino de volta e não vai mudar a vida da família (o valor), mas quer ter resposta da justiça — comentou o advogado.