Sou um otimista incorrigível. A cada início de temporada, imagino ver as direções da dupla Gre-Nal com pensamento moderno e preocupação verdadeira com seus torcedores. No domingo (13), constatei mais uma vez o nosso atraso ao ver Corinthians e Santos em campo, com seus times titulares e as novas contratações em pleno Itaquerão. Antes, no CT corintiano, jogadores almoçaram juntos, sem preconceito.
Para presentear a fanática torcida, jogadores do Timão entraram em campo pelas arquibancadas, gerando ovação consagradora do treinador Fábio Carille. Os clubes não tiveram medo de goleada ou de lesões. O detalhe dissonante foi a presença de torcida única no ironicamente denominado "Jogo da Paz".
No Rio Grande do Sul, Inter e Grêmio mantêm jogadores que todo mundo sabe que não serão aproveitados ao longo da temporada. Irão aguardar por meses a fio para conseguir algum clube e custarão caro para os cofres da Dupla. Em vez de criar trocas, os dirigentes ficam cada um no seu canto, prisioneiros de velhos temores.
Ninguém acerta sempre. E, nos clubes, não é diferente. As contratações são sempre apostas. Às vezes parece uma aquisição garantida que, no meio da temporada, mostra-se um rotundo equívoco. Outros, do tipo que não lotam nem sequer a estação rodoviária, transformam-se em referência ao longo do ano.
Inter e Grêmio têm jogadores que poderiam servir para reforçar o oponente. Com medo, porém, impedem que sejam contratados pelo arquirrival. Ou seja: muitos atletas jamais terão uma nova oportunidade, mas não podem sonhar em "envergar a jaqueta rival".
No final de semana, inicia-se o Gauchão, pródigo em gerar "craques" que raramente confirmam qualidades no segundo semestre, época do Brasileirão e de reta final das principais competições. Antes disso, todavia, poderíamos ter dois Gre-Nais, um na Arena e outro no Beira-Rio – com torcida mista para comprovar nossa civilidade e criatividade. Seria um "aquece" de luxo para o Ruralito, com seus jogos pachorrentos com quase 40°C à sombra, pouco público e interesse restrito à fase final. Resta, aos fanáticos por futebol como eu, curtir a gurizada da Copa São Paulo e os jogos do Exterior.
Aqui, na terra dos clubes que se gabam de serem campeões do mundo, marcamos passo, invejando os grandes centros e sonhando com um marketing moderno voltado a nós, que sustentamos nossos times.