O ano de Tiago Nunes foi coroado com um título expressivo — inédito para o Atlético-PR. O técnico nascido em Santa Maria, ainda interino no clube paranaense, conquistou a Sul-Americana na quarta-feira (13) com apenas 38 anos. Em entrevista À Rádio Gaúcha, o treinador falou da "ressaca" após a conquista, afirmou que vai conversar com o clube sobre renovação de contrato, deu o mérito do título aos jogadores e ainda defendeu que a equipe principal não ter jogado o Campeonato Estadual fez toda a diferença no segundo semestre.
— Momento especial, dia maravilhoso. Uma ressaca boa! Vivendo esse momento diferente. O primeiro título internacional do clube. Mas não precisava ser tão sofrido, podia ter sido com mais tranquilidade. O ar de dramaticidade que teve o jogo desgastou todo mundo mentalmente, emocionalmente. Nesta quinta (14) estamos fisicamente derrubados. Estamos em fase de recuperação, mas muito felizes — contou o técnico.
Tiago Nunes assumiu o comando da equipe no final de junho, após a saída de Fernando Diniz, e está, até o momento, como interino. O treinador revelou que já conversou com a diretoria do Atlético sobre uma renovação.
— Tivemos uma conversa inicial há umas semanas. O clube me procurou, eu me posicionei e fizemos um acordo de não conversar mais até o término da Sul-Americana. Por questões óbvias. Para nada interferir no momento, para que nada que atrapalhasse o foco. Provavelmente entre sexta (14) e sábado (15), a gente deve sentar para definir se eu permaneço ou não. Meu desejo é ficar. As coisas estão convergindo para isso. Está muito bem encaminhado — disse.
Mesmo com muita moral no clube, Tiago deu os méritos da conquista aos atletas. Segundo o treinador, a sua função durante o ano foi de "mediador".
— Muito do mérito é dos atletas. Eles trabalham muito. A minha parte é a menor. Eu tentei ser muito mais um mediador. Compartilhei com eles as ideias que tínhamos em maneira de jogar. Os próprios atletas foram criando vínculo com as ideias táticas, perdendo medo de jogar — revelou o gaúcho.
O Atlético-PR teve um ano diferente das demais equipes brasileiras, mas não só pelo título. A equipe principal não disputou o estadual para se preparar melhor para as demais competições. No Campeonato Paranaense, Tiago foi campeão com o time sub-23, enquanto os titulares treinavam com Diniz. Para o técnico, o tempo a mais de preparo foi muito importante.
— Faz diferença. Os atletas que não jogaram o estadual, tiveram uma média entre 40 e 50 partidas no ano. Uma média quase como na Europa. Teve uma sobrecarga de jogos na reta final, pelo acúmulo das competições, mas o índice de lesões foi baixíssimo. Isso muito pelo tempo de preparação que se teve no início do ano. Foram quase três meses com poucos jogos. Um jogo a cada 15, 10 dias. O trabalho de preparação, de base, foi muito bem feito. Além de usar o estadual para revelar grandes jogadores jovens para a equipe principal. Tivemos jogadores que jogaram comigo o estadual e que vieram a ser titulares, como o Renan Lodi, o Léo Pereira. É um caminho para as equipes que têm muitas competições.