A Copa FGF chega ao final neste domingo (25), às 11h, no Estádio dos Eucaliptos, com a decisão entre Avenida, de Santa Cruz do Sul, e Gaúcho, de Passo Fundo. A edição 2018 da competição homenageou o cronista Wianey Carlet, um dos maiores jornalistas da história do Rio Grande do Sul. Em seus 40 anos de profissão, o repórter e comentarista colecionou frases de efeito, com teorias sobre o futebol, defesas entusiasmadas de volantes, retranqueiros e resistência contra times abertos e ofensivos.
Sua família, representada pela mulher Marisa e pelas filhas Camila e Carolina, estará presente na final. Elas entregarão o troféu para o campeão.
— Fiquei muito feliz com a homenagem. Wianey se dedicou ao esporte, o futebol foi a vida dele. Vai ser uma emoção para nós — comentou Marisa Carlet.
Em homenagem ao grande jornalista, que ficou 22 anos como colunista de Zero Hora e comentarista da Rádio Gaúcha, apresentamos a decisão da Copinha como se fosse o próprio Wianey a escrever.
Azedinho
Pelo personagem mal-humorado que muitas vezes encarnou, principalmente no Sala de Redação, Wianey Carlet recebeu o apelido de Azedinho. Essa faceta, certamente, reclamaria das alterações de datas da final da Copa. E escreveria:
"O Novelletto está de brincadeira com tantas mudanças. Primeiro, agendou a decisão para domingo, meio-dia. Bem na hora do almoço, ainda mais em uma cidade que tem muitas opções, como Santa Cruz do Sul. Aí, muda para sábado, às 17h. Uma concorrência para a final da Libertadores, vejam só. Por fim, me pareceu que esse último horário, domingo 11h, é o menos pior mesmo. Da próxima vez, vamos tentar organizar melhor".
Engana-bobo
Uma das marcas de Wianey foi diminuir a importância do Gauchão para o resto do ano da dupla Gre-Nal. Muitas vezes, o título do Estadual deu a falsa impressão tanto para Inter quanto para Grêmio de que tinham supertimes, prontos para enfrentar competições mais difíceis. Por isso, Wianey certamente alertaria Avenida e Gaúcho:
"Espero que os dois Fabianos, o Daitx e o Borba, saibam que a Copa FGF é engana-bobo. Muitos times só jogaram o campeonato para abrir vitrine, vender jogador e se manter ativo. Os treinadores precisam ficar atentos, porque o Gauchão e a Terceirona vão exigir reforços e mais qualidade. Além disso, ainda tem no horizonte a Copa do Brasil e a Série D, que também demandarão atenção".
Bambilândia
Fã declarado de times fechadinhos, retrancadinhos, com volantes de contenção e zagueiros com poucos sorrisos, Wianey Carlet elogiaria o técnico do Avenida, Fabiano Daitx, dono da melhor defesa da competição, com apenas 11 gols sofridos. E talvez relegasse o Gaúcho, de Fabiano Borba, por ser mais ofensiva, ao campo da "Bambilândia", local onde deveriam jogar os times mais abertos:
"Esse time do Gaúcho é muito faceirinho, abertinho, está pronto para jogar a Copa da Bambilândia, que deveria homenagear o Maurício Saraiva. O Avenida tem duas linhas de quatro bem fechadinhas, nunca desmancha. Grandes ataques ganham jogos, grandes defesas ganham campeonatos".
Só o futuro dirá
A mais célebre frase de Wianey Carlet foi cunhada em 28 de maio de 2009. Naquela coluna de GaúchaZH, escreveu: "Taison ou Messi: o futuro dirá quem foi melhor". Na Copa FGF, ele não perderia a chance de comparar o craque argentino ao camisa 10 do Avenida. Alexandre está no clube há 14 anos, participou de quatro acessos do clube ao Gauchão e foi o protagonista da última campanha no Estadual. Ele não deixaria passar:
"Os dois são canhotos, têm habilidade incomum para bater na bola e se livrar dos adversários, inteligência para observar espaços e faro de gol. Messi ganhou algumas Bolas de Ouro e Alexandre, não, é verdade. Mas é preciso considerar que o argentino sempre jogou no Barcelona, rodeado de craques e estrelas, em gramados perfeitos e cheio de holofotes. O gaúcho nunca pôde sair do Rio Grande do Sul, mas jamais deixou de lado sua família. E não teve o reconhecimento da Fifa porque eles não olham para o nosso Interior. Alexandre é um craque há anos em campos irregulares, muitas vezes precisando tabelar com colegas de qualidade questionável e apanhando de defensores que se beneficiam da falta de transmissão para bater desmedidamente. Alexandre ou Messi: o futuro dirá quem foi melhor".