O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, 86 anos, foi sentenciado a pagar sozinho US$ 137.532,60 mil (cerca de R$ 515 mil) e a dividir com outros condenados um total de US$ 2,14 milhões (R$ 7,3 milhões) pelos escândalos de corrupção conhecidos como Fifagate. A sentença foi publicada na noite desta terça-feira (20).
Do valor que pagará sozinho, US$ 19.532,60 (R$ 71 mil) serão devolvidos à Fifa como restituição por salários e benefícios —a entidade queria US$ 97.663 mil (R$ 365 mil). A Conmebol receberá US$ 118 mil (R$ 444 mil), também por salários e benefícios, ante US$ 590 mil (R$ 2 milhões) requeridos.
Com Juan Angél Napout, ex-presidente da Conmebol, Marin terá que dividir US$ 24.001,45 (R$ 90 mil) pelos gastos que a Fifa teve com a preparação de Stephanie Maennl para o julgamento do caso. Os demais US$ 2 bilhões serão divididos por Marin, Napout e outros condenados até agora pelo esquema. Esse dinheiro inclui restituição de US$ 40.444,49 à Fifa — a entidade pedia, no total, devolução de US$ 27,8 milhões por custos com advogados, processuais, com a investigação, entre outros.
A Concacaf terá US$ 264.549,60, além de US$ 1,4 milhão de devolução de gastos com a investigação, entre outros valores. A Conmebol receberá US$ 333.582,75 de restituição por despesas com a investigação. A confederação dizia ter direito a US$ 85,4 milhões em restituição por perda de receita com as propinas pagas, mas a corte entendeu que não era o caso.
A Justiça dos EUA também decidiu que Napout terá que restituir sozinho US$ 356.368,12 à Fifa e à Conmebol. A decisão sobre a restituição havia sido marcada para esta terça pela juíza Pamela Chan. Em agosto, ela condenou Marin a quatro anos de prisão e a pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,8 milhões) pelos crimes no Fifagate.
Dos 48 meses, a estimativa é que cumprisse somente 28, com descontos por bom comportamento e abatimento por tempo servido. A multa de US$ 1,2 milhão foi dividida em seis parcelas, que começarão a ser pagas daqui a seis meses.
Em meados de outubro, Marin foi transferido para uma penitenciária de segurança baixa em Allenwood, na Pensilvânia. Desde dezembro de 2017, quando foi condenado por receber propinas e lavar dinheiro no escândalo de corrupção da Fifa, ele estava detido no Metropolitan Detention Center, um presídio do Brooklyn, em Nova York. O local abriga 1.748 presos, segundo dados do centro prisional. A unidade na Pensilvânia possui 1.242 detentos, que têm acesso a biblioteca e televisão, por exemplo.
Marin foi preso em maio de 2015 na Suíça e extraditado em novembro do mesmo ano para os Estados Unidos. Condenado nos EUA por seis crimes cometidos durante sua gestão na CBF, ele assumiu o cargo em 2012, aos 79 anos, para cumprir o restante do mandato de Ricardo Teixeira, que renunciou.
Ele era o vice mais velho e, por isso, ficou com o posto, seguindo estatuto da confederação. Antes de ser presidente da CBF, foi vereador, deputado estadual e governador de São Paulo.
As acusações no chamado Fifagate englobam ações de suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro. Os cartolas teriam recebido pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de dirigentes e executivos, que movimentaram mais de R$ 564 milhões.
Empresários do marketing esportivo como Alejandro Burzaco, da Torneos y Competencias, J. Hawilla, da Traffic, e Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, pai e filho donos da Full Play, teriam subornado os cartolas com viagens de jatinho, banquetes em restaurantes badalados e suítes de hotéis cinco estrelas.
O objetivo era obter vantagens na negociação de contrato para terem os direitos de transmissão de partidas da Copa do Mundo.