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A dupla GreNal deveria renovar já agora em novembro os contratos de Renato Portaluppi e Odair Hellmann. Um trabalho "vencedor" começa com planejamento e segurança para o treinador montar seu grupo e trabalhar suas ideias. E a sequência de ambos é primordial para um 2019 que virá cheio de desafios.
Ambos treinadores têm total identidade com seus clubes, entendem o "mindset" da instituição e suas torcidas, e fizeram um trabalho de qualidade em 2018. Os grandes títulos não vieram (Grêmio venceu a Recopa e o Gauchão), mas o desempenho dentro das devidas realidades, foi satisfatório. Poderia ser mais? Sim, e é aí que eu quero chegar.
GRÊMIO: FINAL DE UM CICLO
É da vida, é do jogo. O futebol se faz de ciclos também. Há muitos jogadores no Tricolor que cumpriram um grande trabalho, mas que precisam buscar novos horizontes. Muitos deles foram fundamentais nas conquistas dos últimos dois anos. Porém, o bem de todas as partes, o melhor seria uma renovação.
Douglas, Marcelo Oliveira, Bressan, Ramiro, Jael, Marinho, Madson, Bruno Grassi e Cícero são grandes jogadores, que ainda podem render em outras equipes no Brasil e lá fora. Mas o modelo de jogo que consagrou o Grêmio de Renato não tem mais espaço para eles.
E sendo assim, além de renovar com o treinador, a direção do Grêmio vai precisar contratar. E de preferência, que sejam jogadores com características que potencializem o modelo de construção de chances por meio da posse de bola. Com nível para ser titular, pelo menos um lateral, um volante construtor, um meia e um extremo.
Jogadores como Matheus Henrique, Jean Pyerre, Pepê, Alisson, Thonny Anderson, Léo Gomes e Michel serão importantes na composição de elenco e time titular. Além, claro, da coluna dorsal deste time: Grohe, Geromel, Kannemman, Maicon, Luan e Everton. Provavelmente, alguém desses poderá sair também.
E renovando contrato de Portaluppi o antes possível, junto ao excelente trabalho do Departamento de Análise de Desempenho (CDD), a direção e comissão técnica poderão ir atrás desses negócios e montar uma equipe competitiva para todas as demandas do calendário.
INTER: COMEÇO DE UM CICLO
Odair vive um momento diferente na carreira e no clube, comparado a Renato. Seu primeiro ano como treinador principal foi excelente, transformando um elenco deficitário em técnica em um time competitivo que disputou o G-4 durante todo o Brasileirão.
Com a classificação para a Libertadores, Hellmann começou um novo ciclo no Colorado. E sua permanência é fundamental para a sequência desse trabalho. Mas assim como no Tricolor, a direção do Inter precisará passar adiante alguns jogadores e trazer outros novos.
Fabiano, J.Alvez, Rossi e Gabriel Dias terminaram mostrando-se insuficientes. Na minha opinião, podem seguir adiante e dar espaço para jovens da base ou novos reforços. Dentro do grupo, há boas opções para 2019: Uendel, Zeca, Patrick, Pottker, Rithely, Klaus, Danilo Fernandes, Wellington Silva, Charles, Juan Alano e Damião. O próprio D'Alessandro se tornará uma boa opção de banco.
Há uma espinha bem fundamentada: Lomba, Cuesta, Moledo, Iago, Dourado, Edenilson, Nico e Guerrero. A questão é somar valores a este grupo para que ele dê o salto de qualidade esperado e seja competitivo à altura das competições vindouras.
PELA MANUTENÇÃO DE BONS TRABALHOS
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O Brasileirão teve um nível baixíssimo de qualidade técnica e tática. A responsabilidade maior disso é a constante troca de treinadores durante o campeonato: foram 27 trocas. Um absurdo!
Não há planejamento que resista. Por isso, não vemos um futebol jogado com ideias e variação de estratégias. O produto Campeonato Brasileiro é pouco valorizado e cada ano se perde mais interesse o dos torcedores. E a responsabilidade é dos clubes e suas direções, que não contratam por planejamento e sim para "apagar incêndios".
A manutenção de Renato e Odair não apenas é um ato de contracultura dentro desta perspectiva, mas um ato de justiça pela construção de um bom trabalho e um futebol competitivo. Não é garantia de vencer títulos, mas já é um bom começo.