Se no começo do Brasileirão um torcedor fosse consultado sobre estar satisfeito com um 2018 de manutenção na Série A mais uma vaga na Copa Sul-Americana, certamente ele se diria contente com tal roteiro. Pois o Inter que chega à penúltima rodada do campeonato dependendo apenas de uma vitória em dois jogos para ver o seu nome em um dos potes do sorteio da Libertadores, em 17 de dezembro. Graças à derrota do São Paulo para o Vasco, o Inter precisa ganhar do frágil Fluminense ou do rebaixado Paraná a fim de se classificar à fase de grupos da Copa Libertadores e se planejar com segurança ao menos o seu primeiro semestre de 2019.
O curioso da campanha colorada nesse Brasileirão foram as mudanças de perspectivas ao longo do ano. Quando não se esperava nada da equipe, ela emergiu de uma tabela duríssima, passou a vencer jogos em sequência e liderou o campeonato - à frente de elencos bem melhores que o seu, como Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e Flamengo. Ganhou clássicos e ganhou moral. Para depois reverter de novo toda a perspectiva. Quando mais se esperava do Inter, ele falhou, perdeu postos e chegou à penúltima rodada dependendo de vitória para, enfim, se garantir na fase quente da Libertadores. Já vê como algo difícil o vice-campeonato e seus R$ 11,3 milhões de prêmio. Agora, trata de garantir ao menos a terceira colocação (com um prêmio de R$ 7,7 milhões) e a vaga que permitirá investimentos mais pesados em contratações.
A derrota para o Atlético-MG foi um soco no queixo. Inesperada, chegou logo depois de o Inter perder para o Botafogo no Rio. Dois reveses seguidos era algo com o qual os colorados não conviviam desde o mês de abril, quando o Inter emendou a jocosa derrota com eliminação para o Vitória na Copa do Brasil à queda para o Palmeiras no Pacaembu. De quebra, o 2 a 1 para os mineiros deu fim à temporada invicta no Beira-Rio no Brasileirão, até então um orgulho do time de Odair Hellmann.
Ao final do clássico com o Atlético-MG, o que se viu foram jogadores colorados extenuados deixando o campo. Pudera. Essa foi a sétima vez desde setembro que o Inter saiu atrás no placar (ou levando viradas) e foi obrigado a fazer um esforço extra para tentar mudar o jogo. E, mesmo jogando bem menos do que os seus concorrentes, o Inter sentiu o desgaste. Lesões e suspensões se acumularam até que o Inter chegasse a este domingo para enfrentar o Fluminense obrigado a vencer. Não bastasse a necessidade de pelo menos três pontos em seis possíveis, o jogo das 19h será o último do Beira-Rio na temporada. E o time de Odair Hellmann deve uma resposta à torcida - enquanto negocia a sua renovação por mais um ano, o que deve se confirmar assim que o Brasileirão se encerrar, em 2 de dezembro.
Mesmo com a insistência do treinador em jogadores que há horas não respondem, como Iago e Patrick, mais a visível e natural queda física de D'Alessandro, o Inter terá pela frente um adversário modesto, que se divide entre a permanência na Série A e a vaga às finais da Copa Sul-Americana. Como o São Paulo - o quinto colocado, e que pode tirar do Inter a vaga à fase de grupos da Libertadores - está três pontos atrás dos colorados, é possível que o Inter se classifique mesmo sem vencer Fluminense e Paraná, ainda que isso possa ser um final de ano um tanto constrangedor.
- Acreditávamos e sonhávamos com o título, mas não foi possível acompanhar a campanha fora da curva do Palmeiras, que não começou bem o Brasileirão, mas que engrenou depois que focou apenas nessa competição. Não foi possível para nenhum clube acompanhar o Palmeiras. Ninguém tem as peças de reposição que ele tem. Nem o Flamengo, cujo orçamento é de R$ 600 milhões, conseguiu. O Grêmio também sofreu demais quando perdeu alguns jogadores - disse o vice de futebol do Inter, Roberto Melo. - Nas últimas rodadas, tropeçamos. Como todas as equipes, pois é normal oscilar. Mas, neste domingo, precisamos vencer para obter de uma vez a vaga direta na Libertadores. Isso é fundamental - afirmou o dirigente.
Melo entende que conquistar o segundo lugar no Brasileirão e uma premiação maior da CBF ainda é algo possível:
- O mais importante agora é vencermos e confirmarmos a vaga. Depois, vamos focar o segundo lugar, pois o Flamengo ainda tem jogos duros contra Cruzeiro e Atlético-PR.
No domingo, o futuro para o Inter de 2019 estará em jogo.