Ir para a Libertadores é um prêmio que o Brasileirão oferece para quem fez um bom campeonato mas não ergueu o troféu. Uma consolação que abre o ano seguinte com a esperança de grandes jogos e a possibilidade de conquistar o maior título continental e a vaga para o Mundial de Clubes.
Mas existem duas Libertadores. Uma que começa em março com 32 times divididos em oito grupos, com pelo menos seis partidas em dois turnos. E outra que, para os brasileiros, inicia-se em fevereiro, com quatro semanas seguidas de decisão e a pressão de um mata-mata antes mesmo de a temporada esquentar. É a diferença entre o G-4 e o G-6 do campeonato nacional.
Comecemos por aí. A dupla Gre-Nal tem duas rodadas para confirmar o lugar entre os quatro primeiros e ingressar na competição continental já na fase de grupos. E de quebra abocanhar mais dinheiro para ajudar no orçamento de 2019. O Inter ainda pode ser vice-campeão, o que garante mais de R$ 11,3 milhões. Se for quinto, embolsa R$ 4 milhões. O Grêmio briga pelo terceiro lugar (R$ 7,7 milhões), mas ainda tem uma mínima chance de ser sexto (R$ 2,7 milhões).
Dinheiro e status à parte, fechar o campeonato no G-4 garante um início de ano mais confortável. A primeira partida da fase de grupos da Libertadores é apenas em março. Além disso, permite uma preparação melhor.
— Ir direto para esta etapa dá muitas vantagens. Uma delas é que um grupo, mesmo que seja tiro curto, ainda dá oportunidade de recuperação. No mata-mata, uma noite ruim ou um ambiente desfavorável pode dificultar tudo na largada do ano — analisa o vice de futebol do Inter, Roberto Melo.
O Gauchão, neste caso, pode servir como preparação para a Libertadores, como lembra o vice de futebol do Grêmio, Duda Kroeff:
— Entrar na fase de grupos nos deixa com essa condição, de usar o Estadual para ajustar o time, dar ritmo aos jogadores. Mas quero deixar claro, não é ruim disputar a fase preliminar. O ideal é ir para a segunda etapa, lógico.
Ainda que o planejamento de contratações, reforços, dispensas não mude, existe uma alteração na preparação.
Algumas etapas podem ser aceleradas, o que nunca é bom na pré-temporada. O Vasco viveu essa situação em 2018, precisando disputar duas fases antes de ingressar no Grupo E. Seu executivo de futebol era Paulo Pelaipe, que recorda:
— O Vasco não pode ser parâmetro porque passou por uma difícil eleição e demoramos para assumir, montar time. Mas vivemos o drama de enfrentar duas finais, o que causa um desgaste. Ainda mais que passamos por uma disputa de pênaltis. Sem contar que uma eliminação pode bagunçar o ano já na largada.
A edição 2019 da Libertadores poderá ser a terceira vez em que a dupla Gre-Nal disputará junta a competição. Em 2007 e 2011, os dois times partiram da fase de grupos. Os dois clubes gaúchos também têm experiência na fase preliminar: os colorados superaram o Once Caldas em 2012 e os gremistas passaram pela LDU em 2013.