Após o empate diante do Vasco, no Rio de Janeiro, o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, fez uma manifestação forte contra erros de arbitragem, que segundo ele, estariam prejudicando a campanha do time no Campeonato Brasileiro.
— Com o nível de arbitragem que temos, o futebol brasileiro não pode viver ser VAR. Amanhã (sábado), inicio um movimento junto aos demais clubes para exigirmos a utilização do VAR nas últimas rodados do Campeonato Brasileiro — disse.
O uso do VAR já esteve em discussão. Em fevereiro, em reunião do Conselho Técnico, na sede da CBF, antes do início da competição, o tema foi colocado em votação e a maioria dos clubes optou por rejeitar o uso do sistema. Foram 12 votos contrários, sete favoráveis, com uma abstenção (São Paulo). Ao lado do Inter, votaram Grêmio, Flamengo, Botafogo, Palmeiras, Bahia e Chapecoense.
A razão principal para o veto foi o alto custo da operação, prevista na época em cerca de R$ 50 mil por partida. Especialistas garantem que, em estádios com uma boa estrutura, a conta pode ficar em R$ 30 mil.
Consultado por GaúchaZH, o ex-árbitro Leonardo Gaciba diz não achar justo que se coloque a tecnologia do árbitro de vídeo neste momento.
— Para mim, ou usa em todo campeonato ou no início de novas fases, em caso de mata-mata — disse o melhor árbitro brasileiro entre 2005 e 2008 e atual comentarista da Rede Globo.
Diori Vasconcelos, comentarista de arbitragem da Rádio Gaúcha, concorda com Gaciba sobre a entrada imediata do VAR no Brasileirão:
— Sempre gosto de deixar claro que sou a favor do uso do árbitro de vídeo. Defendi que o recurso deveria ter sido utilizado desde o começo do Brasileirão. Os clubes tiveram a oportunidade para isso e votaram contra. Colocar agora não seria o mais justo. Não parece a alternativa ideal para um campeonato de pontos corridos. Colocar agora sem planejamento e organização poderia causar ainda mais problemas. A CBF precisa é dar respaldo e tranquilidade para que os árbitros possam apitar. Só espero que no ano que vem os clubes estejam mais unidos para que o campeonato tenha o VAR desde o começo.
Mas a ideia colorada de uma cruzada pelo VAR já ganhou um veto importante. Em entrevista ao site UOL, o presidente da comissão de arbitragem da CBF descartou a ideia de adoção imediata.
— Não há possibilidade (de ser colocado árbitro de vídeo em 2018), nós tentamos viabilizar, mas são diversos fatores que não permitem isso, principalmente treinamento das pessoas. Nós começamos a fazer um planejamento, mas precisa de muito mais, então o risco é muito grande de colocar agora, só vai piorar. A gente precisa trabalhar bem o VAR para que ele não caia no descrédito — disse o coronel Marinho.
A implementação imediata do árbitro de vídeo até é possível, segundo Diori Vasconcelos. Porém, o jornalista formado em arbitragem pela Federação Gaúcha de Futebol em 2012 alerta para alguns critérios que devem ser respeitados.
— Não vou dizer que é impossível. Do jeito que a CBF está perdida, tudo pode acontecer. A prova disso é que no último final de semana houve erro de composição de escala. Estavam repetindo um árbitro por duas rodadas seguidas no jogo de um mesmo time, o que é um erro básico. Então, não ficaria surpreso com nada. A grande questão é que colocar o VAR não é simplesmente dizer que vai fazer e pronto. Há um protocolo a ser cumprido e ele exige o cumprimento de alguns prazos. A Fifa exige antecedência de 15 dias para avaliar o pedido de utilização do recurso. Ou seja, mesmo que tudo fosse feito a partir de agora, não seria viabilizado de uma hora para outra — observa.
O uso do VAR no Campeonato Brasileiro de 2019 ainda não foi discutido. A decisão deverá ser tomada no congresso técnico da competição, mas Gaciba acredita que seja viável a adoção para a próxima temporada.
—É provável que sim. Mais pela baixa qualidade de arbitragem do que pela confiança no programa — afirmou o comentarista de arbitragem da TV Globo.
Para a próxima temporada, três do quatro principais campeonatos estaduais já tem a utilização do VAR definida. Em São Paulo, o árbitro de vídeo será adotado em 14 partidas: oito de quartas de final, quatro de semifinais e os dois da final. No Rio de janeiro, o sistema será utilizado nas semifinais e finais de turno, que serão disputadas em jogo único, e nas semifinais e decisão do campeonato. Já em Minas Gerais, as partidas semifinais e finais serão disputadas com o acompanhamento do sistema eletrônico.
Aqui no Rio Grande do Sul, que este ano teve o Gre-Nal da fase classificatória do Gauchão, disputado no Beira-Rio e vencido pelo Grêmio por 2 a 1, como único jogo com VAR, a adoção do sistema para o próximo ano não foi definida.
— Discutiremos o assunto na Assembleia do campeonato que será feita no dia 13 de novembro. Mas a princípio apenas nos Gre-Nais — disse o presidente da Federação gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto Neto, ao ser questionado sobre o tema.