No último domingo (22), Mesut Ozil oficialmente se despediu da seleção da Alemanha. O motivo? Questões políticas. O jogador, que tem raízes na Turquia, declarou se sentir perseguido pela Federação Alemã de Futebol (DFB), em especial pelo presidente Reinhard Grindel. Nesta segunda-feira (23), foi a vez da entidade responder às críticas feitas pelo meia.
Em nota oficial, a federação rebateu as acusações de racismo feitas pelo atleta e afirmou que a diversidade é de "importância fundamental em todos os níveis" do futebol da Alemanha.
Vale lembrar que às vésperas do Mundial, o jogador do Arsenal foi duramente criticado por ter posado para uma foto ao lado do presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Passada a polêmica, o próprio pai do jogador disse que, caso fosse o filho, já teria optado pela aposentadoria. O episódio foi relembrado pelo comunicado da federação alemã, que reforçou a necessidade de um pronunciamento de Ozil a respeito do assunto.
— As fotos com o presidente turco Erdogan levantaram questões para muitas pessoas na Alemanha. Concordamos que a DFB também contribuiu para lidar com o tópico. E é lamentável que Mesut Ozil tenha achado que não tinha sido suficientemente protegido como alvo de slogans racistas contra sua pessoa, como foi o caso de Jerome Boateng. Mas era importante que Mesut Ozil, como Ilkay Gündogan antes dele, desse respostas a essa foto, independentemente do resultado esportivo do torneio na Rússia. Na DFB, ganhamos e perdemos juntos, tudo em equipe — diz a nota.
Confira a nota da Federação Alemã de Futebol, na íntegra e traduzida:
O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB) recebeu, hoje, a informação da saída de Mesut Ozil através de uma ligação telefônica. Ozil jogou 92 vezes pela seleção alemã e ajudou a moldar uma era de sucesso, dentro e fora de campo. Ele fez uma contribuição decisiva para a Alemanha se tornar campeã mundial no Brasil em 2014. É por isso que a DFB é muito grata a Mesut Ozil pelo seu excelente desempenho com a camisa da seleção alemã.
A diversidade é uma força não só no futebol. É por isso que nosso trabalho de integração é de importância central e todos os níveis. Nós jogamos e vivemos juntos com nossas diferentes raízes familiares, religiões e culturas. Nós sempre temos que respeitar, dentro e fora de campo, os direitos humanos consagrados na lei básica, a defesa da liberdade de expressão e de imprensa, bem com o respeito, a tolerância e o fair play. Um compromisso com esses valores básicos é necessário para todos os que jogam futebol na Alemanha.
As fotos com o presidente turco Erdogan levantaram questões para muitas pessoas na Alemanha. Concordamos que a DFB também contribuiu para lidar com o tópico. E é lamentável que Mesut Ozil tenha achado que não foi suficientemente protegido como alvo de slogans racistas contra sua pessoa, como foi o caso de Jerome Boateng. Mas era importante que Mesut Ozil, como Ilkay Gündogan antes dele, desse respostas sobre essa foto, independentemente do resultado esportivo do torneio na Rússia. Na DFB, ganhamos e perdemos juntos, tudo em equipe.
A DFB teria ficado feliz se Mesut Ozil quisesse continuar fazendo parte da equipe nessa base compartilhada. Ele decidiu o contrário. A DFB respeita isso. Para nós, como associação, é também necessário lidar de maneira respeitosa com um jogador merecedor. Deixamos algumas declarações que não são compreensíveis para nós em tom e conteúdo sem comentários públicos.
O fato de a DFB estar associada ao racismo, nós rejeitamos. Por muitos anos, a DFB esteve fortemente envolvida no trabalho de integração na Alemanha. Entre outras coisas, premia o Integrationspreis, lançou a campanha "1: 0 for a Welcome" e integrou dezenas de milhares de refugiados na família do futebol. Nos últimos 15 anos, estabelecemos um trabalho de integração em várias camadas, o que afeta os clubes amadores. A DFB é sinônimo de diversidade, dos representantes no topo às incontáveis pessoas dedicadas do dia a dia da base.
A DFB lamenta a saída de Mesut Ozil da seleção. No entanto, isso não altera a determinação da associação para continuar o trabalho de integração bem-sucedido de forma consistente e com profunda convicção.