Dói demais cair, depois de tanto tempo que o Cruzeiro levou para voltar aos grandes do futebol gaúcho. Dias de tristeza, de quietude, de lembranças traumáticas. Ao deitar para dormir, vem as imagens do gol sofrido em contra-ataque que nos tirou a vaga, do pênalti defendido que desperdiçou a chance de permanecer na elite do Gauchão em 2019. Detalhes, futebol é decidido em detalhes.
"É só futebol", diz uma propaganda na TV. Mas o quanto ele nos envolve emocionalmente, atinge nossas vidas pessoais, nossos sentimentos mais íntimos, como os do torcedores do Cruzeiro que sentiram a vaga escapar por detalhes, na última meia hora da última partida do campeonato.
Claro que as coisas não acontecem de uma hora para outra, e as derrotas foram se sucedendo, até chegar ao final dramático. Há ironias como cair sem perder para a dupla Gre-Nal, num ano em que vencemos o Grêmio e empatamos com o Inter, o que mostra que havia um time com potencial para permanecer. A maior ironia talvez seja a de voltar ao acesso com o técnico que nos elevou desde lá com o título de 2010, o mesmo que também nos salvara do rebaixamento anos atrás.
Que se registre que a queda foi justa, dentro do campo, ninguém nos prejudicou, nem mesmo o pênalti que nos salvaria do rebaixamento foi sonegado. Sendo justos como devem ser os cruzeiristas, em 2018 ninguém prejudicou o nosso time a não ser os nossos próprios vacilos. Levamos muitos gols de contra-ataques, por exemplo. Dói porque tínhamos bons jogadores no meio campo, um baita goleiro, um ala esquerdo revelação, um goleador da Copinha, uma dupla de zaga firme no Gre-Cruz e no Inter-Cruz. A direção do Cruzeiro também tem dirigentes que trouxeram o clube do Acesso e o mantiveram oito anos na elite. Parecia possível seguir.
A esperança, agora, é apostar nas categorias de base e começar a jogar no próprio estádio — que a base já vem usando. A esperança é colocar a Arena do Cruzeiro em condições para o Acesso e, a partir de lá, firmando raízes em Cachoeirinha, se renovar para voltar a vencer.