Já aviso que, ao usar esse nobre espaço para reflexão, não escorregarei no pecado da falsa modéstia. Então, lá vai: sim, como treinador, sou feliz e realizado porque meus atletas, ao longo de mais de 30 anos de carreira, conquistaram títulos que eu jamais projetara. Até por isso, fui indicado para receber o Prêmio Brasil Olímpico como melhor técnico do ano de 2017 pelo Comitê Olímpico do Brasil.
Porém, em primeiro lugar, lembro-me que eu jamais faria isso sozinho. Muitas pessoas e um clube maravilhoso como a Sogipa foram fundamentais para eu ter alcançado estes objetivos. Além disso, tenho que dizer que as medalhas olímpicas e em mundiais não são as mais importantes que carrego.
Subo no pódio fundamental quando encontro algum ex-atleta que passou por meus tatames e percebo que, de alguma forma, o esporte contribuiu para que ele fosse um pai, uma mãe, um filho, um amigo, um profissional, enfim, um ser humano melhor do que ele seria sem essa influência.
Afinal, nesta carreira, foi possível conferir na prática a capacidade que o esporte tem de transformar as pessoas e de plantar valores como a humildade, a honestidade e a lealdade. No tatame, nas quadras, nas piscinas, nos campos, a vida se reflete.
Dos tatames da Sogipa saíram, sim, grandes judocas. Nos últimos anos, tive a honra de comandar um João Derly, uma Mayra Aguiar e tantos outros atletas do mais alto valor esportivo. Porém, também convivi e, por meio do esporte, tive a oportunidade de ajudar a formar excelentes médicos, brilhantes juristas, competentes educadores, entre outras áreas.
Nas arenas esportivas, na grande maioria das vezes, somente um vence. No entanto, todos aqueles que vivem o esporte uma fase de sua vida podem levar os ensinamentos das vitórias e das derrotas adiante, transformando-se em pessoas melhores. E isso é o mais legal de tudo.
Finalizo dizendo que, após tantos anos dedicados ao esporte, não sou um velho cansado. Pelo contrário. Existe muito amanhã em mim. Pulsa ainda a vontade de seguir lutando, ensinando e principalmente, aprendendo com atletas e amigos. Minha relação com o judô e o esporte é feita de rocha.