Com sede em Porto Alegre, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo é responsável pelo bobsled (trenó) e a patinação artística. Nesta entrevista, o presidente da entidade, Matheus Figueiredo, fala sobre a preparação para a Olimpíada de Inverno e a expectativa de resultados nos Jogos.
Como foi o período de preparação para os Jogos?
O projeto começou em 2013. Tivemos uma retomada da confederação, vinha tudo um pouco parado. Naquele momento, às vésperas da Olimpíada de Sochi (2014), o objetivo era classificar, e conseguimos. Agora, será a primeira Olimpíada em que a gente terá projetos gerenciados em todo um ciclo olímpico. Logo após Sochi, começamos com um plano. Tivemos ótimos resultados nos últimos quatro anos. No bobsled tivemos um avanço no ranking mundial, estamos no top 20 da modalidade. Nesse ciclo fomos duas vezes campeões da Copa América, medalha de bronze no Campeonato Mundial de Push (a parte inicial da prova, com os primeiros 50 metros). A gente vai bastante preparado para os Jogos, com expectativa de conseguir um resultado relevante. Na patinação, foi da mesma forma. A atleta Isadora (Williams), a mesma que classificou para Sochi, conseguiu novamente a vaga. A performance dela evoluiu bastante. Se a gente for considerar a pontuação técnica, ela avançou 30% a 40%. O crescimento fez parte de um programa. Tudo passou por esse planejamento bem estruturado.
Como foi o trabalho específico para a equipe de bobsled?
O trabalho foi bem detalhado. Lá em 2014, a gente identificou os gastos de performance que tínhamos de sanar. Isso passa pela identificação de um perfil de atleta. Muitas vezes a gente compara o bobsled com o automobilismo. Na Fórmula-1, tem o piloto e, no bobsled, também. Tenho que fazer um treino específico de pilotagem para ele entender melhor a pista. Foi feito um projeto específico para o piloto. Compramos novos equipamentos e vamos para lá com o que há de melhor. É fruto de parcerias. E a preparação física, que faz o “motor” do nosso carro, a gente já vem trabalhando com o Núcleo de Alto Rendimento em São Paulo. É uma estrutura focada para desenvolvimento de força e potência. Em especial, no último ano, fizemos um trabalho específico disso para ganho de peso. Todos os atletas ganharam, em média, cerca de cinco quilos de massa magra. Gerenciando as variáveis do bobsled, a gente consegue colocar nossa equipe dentro dos top 15, top 20 do mundo.
Qual a projeção de resultados para os Jogos?
A gente tem a expectativa de ficar entre os 20 melhores nas duas modalidades. É um resultado relevante dentro do cenário de competição atual. Talvez, no bobsled, a gente tenha chance de chegar entre os 15 melhores. Estamos trabalhando bastante na consistência, para repetir sempre as performances. Ficar no top 15 já é estar a meio segundo de uma medalha olímpica. Essa consistência pode ser um fator chave nessa competição de bobsled. Normalmente, são os times que conseguem manter uma regularidade que conseguem os melhores resultados. Na patinação, a Isadora teve um crescimento gigantesco na última temporada. Para alcançar um resultado de top 15, top 20, ainda precisa crescer mais nessa reta final. Temos um treinamento específico principalmente de saltos, para que ela esteja na plenitude da forma. Se isso acontecer, ela tem chance de chegar a esse resultado.