O Atlético-PR resolveu apostar na utilização de grama artificial na Arena da Baixada em 2016. Com a qualidade do piso de jogo homologada pela Fifa, o clube teve a confirmação que poderá seguir utilizando o gramado pela CBF. Após congresso técnico, a entidade aprovou em votação com outros clubes participantes da competição a liberação.
Fernando Volpato, diretor de operações do Atlético-PR, fala sobre a utilização de gramado artificial na Arena da Baixada, em Curitiba. endereço de um dos clubes da elite do futebol brasileiro.
Como você pode explicar o gramado artificial do Atlético-PR?
O gramado sintético do Atlético-PR é uma grama sintética de quarta geração, produzida a partir de fios de polietileno monofilamentares, com secção transversal em formato de "S", que confere alta resiliência aos fios, ou seja, uma alta capacidade de manter-se e retornar a sua posição vertical original, mesmo após ser deformado pela pressão das chuteiras dos atletas durante os esforços de uma partida de futebol.
Qual a altura do gramado?
A grama sintética possui seis cm de altura e um enchimento de performance entre os fios patenteado pela Italgreen (empresa italiana), à base de fibras naturais e componentes elásticos, de maneira a proporcionar a performance exigida pela Fifa para as diversas competições que esta regulamenta. Este sistema se chama Geofill e além de manter as características, se notabiliza por manter a temperatura do campo em níveis equivalentes a um gramado natural, além de não exalar nenhum tipo de odor típico dos gramados sintéticos de sistema de enchimento convencional a base de grânulos de borracha. Todas as matérias-primas para a manufatura deste gramado sintético são importadas e a montagem é feita no Brasil pela GV Group.
Qual a diferença entre o gramado natural e o sintético?
Um gramado sintético de alta qualidade certificado pela Fifa como Fifa Quality Pro, caso do gramado da Arena da Baixada, não apresenta diferenças significativas para um gramado natural de excelente qualidade. Uma vez que os testes de certificação exigidos pela Fifa para um gramado sintético se baseiam em indicadores de performance idênticos a de um gramado natural de excelente qualidade, é evidente que ambos desempenham de maneira idêntica, com vantagem ainda para o gramado sintético, pois este se mantém ao longo de uma partida de futebol do início ao fim com o mesmo desempenho.
Que indicadores a Fifa usa para testar a qualidade do piso?
É Importante dizer que estes testes e seus índices foram determinados pela Fifa partir da medição destes em campos de grama natural de excelente qualidade. Se um campo de grama sintética atende estes indicadores, este campo se comporta exatamente como um campo de grama natural.
São diversos os indicadores, por exemplo, entre tantos outros, rolamento da bola, absorção de impactos, torque, abrasão, todos em condições de campo seco e molhado. O nosso gramado recém passou por o teste de certificação anual e está pronto para receber por mais um ano, toda e qualquer competição do calendário da Fifa e de suas afiliadas...
A manutenção é cara?
O custo da manutenção é virtualmente próximo do zero. São necessários somente a escovação semanal, de maneira a remover eventuais resíduos de materiais estranhos ao campo, vindo de fora da área do mesmo. Recomenda-se também uma escovação mensal para garantir o perfeito nivelamento do enchimento de performance por todo o campo. No caso de campos para uso profissional em alta performance é necessário um teste anual por laboratório credenciado pela Fifa para certificar o gramado como Fifa Quality Pro. Estes indicadores são os mesmos exigidos para um campo de grama natural. Isto significa que, a despeito do que muito se diz, sem evidente conhecimento do assunto, um campo de grama sintética certificado pela Fifa tem exatamente o mesmo desempenho de um excelente gramado natural.
O gramado artificial provoca mais lesões?
Não, isto é um mito. Os gramados sintéticos certificados pela Fifa, ao contrário, provocam menos lesões do que um gramado natural, sendo inclusive utilizados extensamente na recuperação de atletas que estão retornando de lesões. Tem um nível de planicidade muito alto, ou seja, é como se fosse uma mesa de sinuca, não possuindo quaisquer irregularidades, típicas dos gramados naturais. Some-se a isto o fato de que um campo de grama natural pode estar perfeito no início de uma partida de futebol, mas ao longo desta partida, devido as disputas pela bola, "carrinhos", o gramado vai se danificando, gerando imperfeições que além de provocarem lesões, atrapalham e pioram a qualidade de passes, conclusões a gol, enfim, pioram a qualidade do jogo em si. Existem diversos estudos da própria Fifa que corroboram esta afirmações, tanto no que se refere a qualidade do jogo em si e também com relação ao baixo número de lesões.