O ano de 2018 começou movimentado para uma jovem promessa da natação paraolímpica do Rio Grande do Sul. Larissa Rodrigues, 13 anos, foi a única representante do Estado a participar da primeira edição do Camping Escolar Paraolímpico. Idealizado pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), o projeto marca o pontapé inicial da entidade rumo à Paraolimpíada de 2024 – com sede em Paris.
Desde 21 de janeiro, 37 adolescentes que se destacaram nas Paraolimpíadas Escolares do ano passado viveram a rotina de atletas profissionais. O projeto inclui treinamentos de alta performance com os técnicos das seleções principais do CPB, palestras sobre nutrição e aspectos psicológicos e atividades com paratletas profissionais. Larissa conquistou três medalhas de ouro nas Paraolimpíadas Escolares, realizadas em novembro do ano passado. As primeiras colocações nas provas de 25m nado livre, nado borboleta e costas (classe S4) também renderam à moradora da cidade serrana de Ipê o troféu de destaque da competição.
Ela é muito talentosa. Chegou às Paraolimpíadas Escolares, sua primeira competição nacional, e encarou tudo com muita naturalidade.
FERNANDA MICHAELSEN
Técnica de Larissa, da ONG Esporte+
Larissa não anda e tem as pernas e os braços mais curtos devido a uma má-formação congênita. Mas a paixão pela natação a fez superar as dificuldades. Acompanhada pela mãe, a massoterapeuta Irene Lando – que adotou a menina quando ela tinha três anos de idade – se desloca duas vezes por semana de Ipê a Porto Alegre para treinar com a técnica Fernanda Michaelsen, da ONG Esporte+, pela qual a garota compete. Nos demais dias da semana, Fernanda encaminha o programa de treinos para professores de uma academia de Ipê, para que a atleta complemente as atividades. As duas se conheceram durante os Jogos Escolares para Pessoas com Deficiência (ParaJergs) do ano passado, em que Larissa representava a Escola Municipal Leonel de Moura Brizola, onde estuda no 8º ano do Ensino Fundamental.
– Ela é muito talentosa. Chegou às Paraolimpíadas Escolares, sua primeira competição nacional, e encarou tudo com muita naturalidade – destaca Fernanda, que acompanhou a adolescente em São Paulo.
Quero seguir carreira na natação. E estar em um projeto como esse é muito importante para conquistar meus objetivos.
LARISSA RODRIGUES
Enquanto sonha em ser uma das estrelas da natação paraolímpica brasileira – tendo a cearense Edênia Garcia, medalha de prata nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, como inspiração –, Larissa, que nasceu na cidade catarinense de Guaraciaba, procurou aproveitar cada momento no Centro de Treinamento do CPB.
A rotina foi pesada. O dia começava às 6h da manhã no alojamento e só terminava às 21h30min. Os treinamentos eram diários, com cerca de duas horas de duração, nos períodos da manhã e tarde.
– Quero seguir carreira na natação. E estar em um projeto como esse é muito importante para conquistar meus objetivos. Estou melhorando não só minha parte técnica, mas também estou tendo lições importantes para a minha vida pessoal – ressalta Larissa.
Larissa deverá retornar ao Centro de Treinamento do CPB em julho, para uma nova etapa do Camping Escolar. Alberto Martins, diretor-técnico do Comitê, confirma que, a partir de 2019 outras modalidades do esporte paraolímpico serão contempladas com o projeto. O dirigente explica que a entidade tem meta de aumentar em cerca de 60% a participação de atletas de até 23 anos de idade na Paraolimpíada de Paris.
– Além do Camping, nossa ideia é organizar, já a partir de 2018, festivais paraolímpicos em escolas nas diversas regiões do país. Vamos iniciar também cursos de capacitação voltados para professores de educação física, para que eles estejam aptos a desenvolver atividades esportivas para os alunos com deficiência – revela o diretor.
Ele destaca que o planejamento do Comitê a médio e longo prazo é um dos pontos fundamentais para que o Brasil continue melhorando sua performance no quadro geral de medalhas dos Jogos Paraolímpicos. Nas três últimas edições da competição, o país esteve no top 10 do ranking: nono em Pequim (2008), sétimo em Londres (2012) e oitavo no Rio de Janeiro (2016).