A belga Marieke Vervoort, cuja história comoveu o mundo nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, está perto de autorizar o procedimento da eutanásia, que é liberado no país. Em entrevista ao jornal britânico "The Telegraph", ela revelou que suas dores, decorrentes de uma grave doença degenerativa, se agravaram nos últimos meses.
Medalhista de ouro em Londres, em 2012, e dona de uma prata e um bronze na Paraolimpíada do Rio, em 2016, na classe T-52, Marieke se despediu das competições na capital fluminense. Na época, disse que ainda não tinha uma data para utilizar o documento assinado em 2008, que autoriza o fim da vida. Ainda queria realizar metas enquanto o corpo permitisse.
— Não quero mais sofrer. É muito difícil para mim, estou cada vez mais deprimida. Eu nunca tive esses sentimentos antes. Eu choro muito. Agora, até a minha visão está desaparecendo. O médico disse que não havia nada que ele pudesse fazer, porque o problema estava vindo do meu cérebro. Então, uma neurologista ficou comigo durante a noite toda enquanto eu tinha um espasmo após o outro. Ela disse que não era uma crise epiléptica, era apenas meu corpo gritando que estava em muita dor e que queria terminar com isso. Preciso da eutanásia — afirmou a ex-atleta, que não deseja um funeral em uma igreja.
— Se houver um Deus, deve ser um cara ruim para me punir desse jeito.
Aos 38 anos, Marieke afirma se sentir com 90. Tudo começou com infecções repetitivas no tendão de Aquiles, até que ela perdeu todos os movimentos das pernas e teve a visão comprometida. Aos 20 anos, estava na cadeira de rodas. Os médicos acreditam que a paralisia foi desencadeada por uma deformação entre a quinta e sexta vértebras cervicais. Mas não sabem explicar as dores.
A belga passaria nesta quinta por nova operação e ainda aguarda a liberação da eutanásia, que tem de ser feita por três profissionais. Segundo seu pai, Jos, o procedimento está perto.
— Ela não consegue comer mais. Só come pudim. O fim está chegando.