O golpe é duro, pode reverberar durante muito tempo e tem agravantes. Mas a eliminação histórica, vexatória e humilhante do Botafogo para a Aparecidense, na primeira fase da Copa do Brasil, precisa de muita reflexão. Quem errou? O que fazer? De cabeça fria, todos precisam ter a dimensão dos problemas a serem superados e da evolução necessária.
Para começar, qualquer coisa nas linhas abaixo sobre a mudança tática radical de Felipe Conceição é teoria. O treinador colocou no banco o articulador central dos cinco jogos disputados até então e recolocou Carli na zaga. O Alvinegro não jogava com três zagueiros alinhados há anos. Os jogadores do atual grupo nunca haviam atuado desta forma.
Se treinaram assim nas atividades fechadas à imprensa, foi pouco. É muito diferente, principalmente para os zagueiros e para os laterais - que viram alas -, trocar a primeira linha (de quatro atletas) de um 4-3-3 por um 3-4-3. Isso explica um pouco da praticamente nula atividade de Arnaldo e Gilson e a falha de Marcelo na marcação a Nonato no primeiro gol dos goianos.
Talvez o péssimo gramado tenha motivado a opção por passes mais longos... quase todo o tempo o time tentou atacar de forma parecida com o Chelsea de Antonio Conte, campeão inglês na última temporada. Três defensores; dois meio-campistas e dois alas; um centroavante com dois jogadores ao seu lado. Mas o tempo foi passando e a equipe foi perdendo força na faixa central da disputa. Cada vez mais.
Rodrigo Pimpão simboliza a noite. Apesar de tantas críticas, de tantos desafios, encerrou um jejum de quase seis meses sem fazer gols. Só que apesar do habitual esforço, foi produzindo cada vez menos com o passar dos minutos, até que foi expulso. É cruel, mas é impossível não associar o segundo gol da Aparecidense à saída do atacante.
As cornetas já soam e ecoam muito fortemente em General Severiano. A pressão pela troca do comando é forte. É hora de trocar? Ninguém pode esquecer também que, seja como for, é hora de se preparar para o clássico com o Flamengo, neste sábado, pela semifinal da Taça Guanabara.
- Depende da gente. Temos que usar isso como mola para impulsionar a reação, e não ficar na tristeza, no sabor da derrota até sábado. Temos que reverter isso, sermos fortes. Isso pode fortalecer o grupo, desde que a gente reaja - afirmou Felipe Conceição, logo após a partida.